ENTREVISTA COM O ESCRITOR M. D. AMADO

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor M. D. Amado.
 (20/03/09)

REVISÃO DE TEXTOS - ANÁLISE TEXTUAL - DICAS E LEITURA CRÍTICA


 
M. D. Amado - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Primeiramente, agradeço por ter aceitado a entrevista. Gostaria de saber como foi o início da sua paixão pelo gênero horror.

M. D. Amado: Eu que agradeço a oportunidade. Saiba que admiro muito sua iniciativa de estar sempre divulgando novos autores, sem se esquecer daqueles que já estão trilhando esse caminho há algum tempo.

Bom, eu diria que o gosto pelo terror veio inicialmente dos filmes do gênero, assim também como os hilários filmes trash. Não sou um profundo conhecedor da arte, mas sempre gostei desde pequeno. Me lembro do Cine Trash da Band, que nos trazia maravilhosas pérolas cinematográficas e um programa na MTV também. Atualmente eu coleciono outro gênero: western. Já o gosto pelos livros de fantasia e terror veio somente bem mais tarde. Eu já tinha passado dos 34 anos – hoje tenho 40. Comecei de cara por Stephen King, Poe, H.P. Lovecraft e recentemente Ray Bradbury, que achei simplesmente sensacional. Ele mistura suspense, terror e ficção científica de uma forma bem interessante. Narrativa e diálogos naturais, que não deixam a leitura cansativa. Além disso, passei ai por Anne Rice, Bram Stocker e outros.

Ademir Pascale: E como foi seu inicio para o meio literário? Fale sobre as suas publicações em antologias e sites.

M. D. Amado: Comecei a escrever na mesma época em que comecei a ler sobre terror. Pra ser mais preciso, meu primeiro conto foi escrito no final de 2004. Era pra ser apenas uma brincadeira. Meio que incentivado pelos contos que eram publicados no Estronho (principalmente os contos de Richard Diegues, Camila Fernandes e Rita Maria Félix). Sem muitas pretensões, escrevi “Chovia muito naquela noite”. O retorno foi muito positivo. Os mesmos autores de quem eu era fã, acabaram me incentivando a escrever mais. Depois de alguns contos publicados no Estronho e em outros sites, fui convidado pelo Richard a participar do Necrópole Volume II (Ed. Alaúde). E agora também fui selecionado para o volume 1 da coleção Paradigmas (Tarja Editorial). Vale citar também que tenho minicontos publicados no Terrozine, desde a edição número 2. Aliás, devo lhe agradecer não só pela oportunidade de publicar, mas também por me “apresentar” aos minicontos. Nunca tinha experimentado e agora viciei (risos).

Ademir Pascale: Conheci o site Estronho (www.estronho.com.br) em 2008, e aproveito o ensejo para parabenizá-lo pela iniciativa e excelente conteúdo. Como surgiu o site e porquê o nome Estronho?

M. D. Amado: Cara, é muito legal falar do Estronho, porque ele está na internet desde setembro de 1996 e já passou por altos e baixos várias vezes. Ganhou prêmios, se classificou algumas vezes entre os primeiros colocados no iBest (na época em que o prêmio ainda fazia algum sentido), foi muito copiado no início e também teve momentos de puro esquecimento. Hoje anda por ai, meio no undergroud, mas com um público fiel.

Começou meio que por acaso. Eu estava aprendendo a mexer com internet e HTML e queria montar um site qualquer. Um dia, lendo o jornal Estado de Minas (no papel mesmo), vi uma notícia com o seguinte título: “Presidiário japonês se mata engolindo um rolo de papel higiênico”. Além de rir muito, achei aquilo maravilhosamente inusitado. Então tive a idéia de montar um site com coisas esquisitas. E tinha um amigo meu de BBS (nem tinha internet direito ainda) que tudo que achava estranho, ele dizia que era ESTRONHO. Daí coloquei o nome de Estronho e Esquésito. No início o forte do site eram os mistérios cotidianos, nomes estranhos, leis esquisitas, fotos estranhas e causos e lendas de assombração. O primeiro conto de ficção publicado foi em outubro de 1996, um conto da Shirlei Massapust. E que até hoje está no site. De uns quatro anos pra cá, comecei a dar mais ênfase aos contos e abrir cada vez mais esse espaço para a literatura. Divulgo não somente os contos, mas também os livros, fanzines, blogs e sites de autores de fantasia, terror e FC. E também qualquer projeto que incentive a literatura e/ou o cinema alternativo (como os infinitos sites, blogs e comunidades do Iam Godoy, da Ravens House Brasil – risos – Não sei como ele consegue tomar conta de tanta coisa ao mesmo tempo). O Estronho está sempre aberto a parcerias e a novos autores. É só entrar em contato (oguardiao@estronho.com.br)

Ademir Pascale: Qual é a sua visão referente aos zines amadores digitais e impressos?

M. D. Amado: Admiro e respeito muito o trabalho de todos, inclusive o seu e da Elenir, com o Terrorzine. Sem dúvida alguma é uma excelente ferramenta de divulgação para quem, como eu, está querendo colocar a cara a tapa. Mostrar a que veio. Eu mesmo conheci novos autores através do Terrorzine, do Flores do Lado de Cima e do Funhouse. Há inclusive no Estronho um tópico de divulgação para fanzines gratuitos. Em breve vou abrir para os pagos também.

Ademir Pascale: E qual a sua opinião referente a aceitação das editoras na publicação de novos escritores?

M. D. Amado: Bom, eu não estou muito interado de uma forma geral. Sei por alguns amigos, que a coisa não é tão fácil e muitos partem para a edição independente, o que eu também devo fazer em breve. Acho válida a iniciativa das antologias de algumas editoras. Embora ainda tenhamos que pagar para publicar, é sem dúvida um caminho mais fácil e eficiente para mostrar o trabalho. Só acho que falta mais divulgação nas prateleiras. Pelo menos aqui em Belo Horizonte, quase não se vê nada do gênero, de autores brasileiros, exceto do André Vianco.

Ademir Pascale: Você está trabalhando em um livro seu de contos. Poderia falar pra gente como está sendo o processo?

M. D. Amado: É uma coletânea de contos sobre a morte, sob diferentes pontos de vista. Tento mudar um pouco o preceito de que a morte é aquela velha senhora segurando uma foice e assustando criancinhas. Alguns contos são não inéditos, pois já publiquei em alguns sites por ai, mas mesmo estes, foram reescritos e melhorados. Está em fase de revisão e a capa também está pronta, mas ainda devo inserir mais alguns contos. Não tenho editora para esse projeto e talvez eu lance somente no final do ano de forma independente mesmo. Alguns desses contos foram adaptações de fatos que ocorreram comigo e com amigos, só que com finais obviamente fantasiosos e por isso mesmo não pretendo modificá-los em sua essência. Por isso prefiro não publicar através de editoras, pois sei por experiência própria que muitas coisas acabam sendo modificadas pelo editor. Em outros trabalhos que pretendo lançar, não me importaria que houvesse uma edição/modificação do texto, mas nesse livro especificamente eu prefiro que seja assim, do meu jeito.

Ademir Pascale: Além deste livro de contos, você está envolvido em outros projetos?

M. D. Amado: Sim. Tenho um projeto que ficou engavetado por quatro anos e que agora estou finalizando. Um enredo que mistura romance, feitiçaria, terror e fantasia. Começa na idade média e se arrasta por mais alguns séculos. Inicialmente era pra ser um livro apenas, mas tenho amadurecido a ideia de transformá-lo em uma série de dois ou três volumes. Também venho trabalhando em uma história que se passa dentro de um velho sebo, onde coisas estranhas acontecem a quem lê determinados livros, indicados pela misteriosa filha do livreiro. As pessoas passam pela experiência de viver as histórias e algumas não conseguem se livrar da fantasia em sua vida real. Além disso, continuo escrevendo meus contos e publicando no meu blog, que fica junto com o Estronho (www.estronho.com.br/md.amado) e estou tentando participar de algumas antologias (fui recentemente recusado em uma delas – risos – mas isso faz parte).

Perguntas Rápidas:

Um livro: Pilares da Terra – Ken Follett
Um(a) autor(a): Ray Bradbury
Um ator ou atriz: Selton Melo
Um filme: Era uma vez no oeste
Um dia especial: Todos aqueles em que recebo o sorriso de meus filhos
Um desejo: Levar uma vida tranquila e poder continuar escrevendo, escrevendo, escrevendo...

Ademir Pascale: Desejo-lhe muito sucesso. Um grande abraço.

M. D. Amado: Ademir, muitíssimo obrigado mais uma vez por essa oportunidade. Ainda estou engatinhando como escritor e sei que tenho muita coisa pra aprender. E justamente por viver esse lado de iniciante a procura de espaço, é que me permito dizer o seguinte: acredito que o caminho para que a literatura fantástica no Brasil obtenha algum sucesso e cresça cada vez mais, é exatamente através de iniciativas como a sua, como a dos editores de fanzines e revistas que temos hoje no Brasil. Também de blogs e sites de autores, que podem se unir e divulgar o trabalho de todos. Tenho visto isso acontecendo com novos autores. Acho que é bem por aí, afinal não podemos nos dar ao luxo de sermos egoístas ou metidos a escritores, sem nos unirmos para divulgar o gênero. Infelizmente algumas pessoas deixam um pouco de “quase sucesso” subir à cabeça, viram “estrelinhas” e não participam dessa nossa “luta”. E claro, vou deixar a modéstia de lado, pois sei que o Estronho também tem um papel importante nessa divulgação. Aproveito para convidar aqueles que ainda não o conhecem. Tragam seus contos e divulguem seus livros. A única coisa que peço em troca é a divulgação do próprio site, para que mais pessoas possam conhecer a obra de todos.

Abraços horripilantes!  

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: M. D. Amado.
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