ENTREVISTA COM A ESCRITORA ROSANA RIOS

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista a escritora Rosana Rios.
 (06/02/09)

DVD'S - CD'S - GAMES ONLINE - PRESENTES - CAMISETAS DE FILMES - LIVROS


 
Rosana Rios - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Para iniciarmos a entrevista, gostaria de saber como foi o início de Rosana Rios no meio literário e quantas obras já publicou.

Rosana Rios: Bem, eu comecei a escrever profissionalmente em 1986, como roteirista da TV Cultura de São Paulo. Escrevia teleteatros para o programa Bambalalão, na época um espaço cultural televisivo muito interessante para as crianças. Dois anos depois, já com pastas lotadas de contos infantis, fui convidada pela Ed. Scipione para publicar alguns textos. E assim comecei, publicando o infantil O Dragão Comilão em 1988. Fazem 20 anos, e nesse tempo publiquei exatamente 100 livros – os mais recentes, e que completam a centúria, estão saindo da gráfica agora.

Ademir Pascale: Você foi influenciada por algum escritor? Se sim, qual?

Rosana Rios: Sem dúvida todo escritor brasileiro que lida com Literatura Infantil / Juvenil foi influenciado por Monteiro Lobato. Não dá para não seguir as pegadas do mestre... Mas eu sempre fui rato de biblioteca, desde que aprendi a ler, então vários autores me alimentaram o imaginário. Na infância li muito Andersen e Grimm, depois Mark Twain e Dickens, Eça de Queiroz e Machado de Assis... naquela época a gente não lia porque o colégio exigia: líamos apenas porque gostávamos de ler! Coleciono obras de Machado desde que descobri sua ironia e senso de humor. Depois passei por uma fase (que ainda não terminou, já está durando uns 40 anos...) de pesquisar mitologia. Comecei pela grega e fui atrás das outras; hoje sou especialista nos mitos sumério-babilônicos, mas ando muito interessada nas indígenas. Li quase tudo de Tolkien. E, naturalmente, há meus ídolos literários atuais, especialmente na área do fantástico, como Terry Pratchett e Neil Gaiman. É impossível não se deixar influenciar por Gaiman, ele é um gênio.

Ademir Pascale: Com muitas obras na bagagem, é possível viver como escritora no Brasil, ou você concilia com outra profissão?

Rosana Rios: Já fui professora, tradutora, ilustradora. Hoje vivo basicamente de direitos autorais. É possível viver de livros sim, desde que se obtenha um certo sucesso editorial e se publique bastante. Apesar de viver de livros, nunca estive em nenhuma lista de best-sellers, mas recebi algumas premiações e tenho meus leitores fiéis.

Ademir Pascale: Qual a sua opinião referente às editoras que cobram para publicar um romance? Este é o melhor caminho para o autor iniciante?

Rosana Rios
: Não saberia dizer por experiência própria, pois nunca publiquei dessa forma. Sempre encontrei editoras que bancassem a publicação das minhas obras. Por um lado, o autor custear seu primeiro livro é uma forma de ele/ela mostrar seu trabalho, num mercado muito competitivo. Por outro lado, um livro autopublicado nunca terá boa distribuição, e a distribuição e divulgação são fundamentais para a venda de um livro. Veja, se uma pessoa deseja apenas ter o gosto de publicar seus escritos, e pode dar-se a esse luxo (pois é caro fazê-lo), a autopublicação é um caminho. Por outro lado, se a pessoa quer ser um profissional, deve procurar uma editora comercial. As recusas que recebemos muitas vezes podem nos ajudar a melhorar em nosso ofício. Vários escritores iniciantes acham que seu trabalho é perfeito e não admitem revisões ou correções, porém sabemos o quão complexa é a língua portuguesa; eu sempre aprecio contar com a ajuda dos editores para que uma obra saia da gráfica sem erros e com um texto fluido, agradável. Muitos bons editores nos ajudam a “enxugar” um texto para que nossas ideias e personagens apareçam com mais clareza. Li várias obras autopublicadas que não passaram por um bom processo de revisão e “enxugamento”, apresentando textos com potencial de conteúdo, porém muitos problemas de forma. A publicação comercial ao menos procura evitar isso.

Ademir Pascale: Das várias obras que já escreveu, qual mais a marcou e por quê?

Rosana Rios: Difícil dizer... O primeiro livro é inesquecível, e aí está O Dragão Comilão, até hoje muito lido pelos leitores iniciantes. Talvez minha primeira premiação tenha me dado o impulso para decidir a dedicar mais tempo a literatura: foi a novela juvenil Marília, Mar e Ilha, que ganhou o primeiro prêmio na Bienal Nestlé de 1990. Foi marcante também começar a trilogia O Segredo das Pedras, na editora Companhia das Letras. E a indicação ao Jabuti de meu HQs, quando a ficção invade a realidade foi um susto e uma honra. Mas cada livro é como um filho e traz inúmeras alegrias para o autor, especialmente enquanto está sendo escrito.

Ademir Pascale: Poderia falar um pouco sobre a parceria que mantêm com a escritora Eliana Martins? É uma boa escrever em dupla?

Rosana Rios: Eu e Eliana temos várias parcerias: um policial, O Mistério do Diamante, pela Ed. FTD. O infantil Canção para chamar o Vento, pela Ed. Moderna. A trilogia O Segredo das Pedras, que já citei, compreende os livros O Último Portal, Tempo de Travessia e A Roda de Fogo. Destes, só falta sair o terceiro volume. Eu e Eliana nos divertimos muito escrevendo essa trilogia...
Escrever em parceria é uma delícia. Como geralmente a escrita é uma atividade solitária, é muito bom quando se pode trocar ideias e dividir a pesquisa com um autor parceiro. Já dividi obras com vários outros colegas, como Giselda Laporta Nicolelis, Carlos Augusto Segato, Lúcia Tulchinski, Luana von Linsingen, Regina Drummond...

Ademir Pascale: E como anda o "HQs - Quando a Ficção Invade a Realidade", que esteve entre os 10 finalistas ao Prêmio Jabuti de melhor livro juvenil de 2008?

Rosana Rios: O HQs tem uma trajetória longa. Concebi essa obra quando fui professora de uma Oficina de Quadrinhos na ESPM, em São Paulo. Acontece que sou colecionadora de gibis, apaixonada por hqs, e fui roteirista de quadrinhos da Ed. Abril, além de ser arte-educadora. Toda a minha experiência nesse campo, então, eu coloquei no livro. A primeira edição foi publicada na década de 1990, mas com outro título. A edição atual. Da Ed. Scipione, retornou ao título original em que eu havia pensado, e foi tão caprichada que acabou sendo indicada ao Jabuti, a mais importante premiação brasileira para Literatura. Não ganhei o prêmio (foi atribuído a outro dos meus escritores de LIJ preferidos, o Joel Rufino dos Santos), mas estar entre os 10 indicados do ano foi uma surpresa muito boa! E o livro tem sido um dos meus mais vendidos ultimamente, com inúmeras adoções em colégios. A resposta que tenho dos leitores jovens é excelente, quase todos querem saber se eu vou continuar as aventuras do Déo e da Naí no mundo dos HQs...

Ademir Pascale: Além do site que mantêm com a escritora Eliana Martins, onde os interessados poderão saber mais sobre Rosana Rios?

Rosana Rios: Além do site www.segredodaspedras.com, tenho o blog Espaço Rosana Rios, que fica no link www.rosana-rios.blogspot.com. E estou construindo um novo blog com resenhas da maioria dos meus livros: www.rosanariosliterature.blogspot.com. Ainda está incompleto, mas vai indo bem.

Ademir Pascale: Existem projetos em pauta? Se sim, quais?

Rosana Rios: Ah, muita coisa. Como nos últimos anos estou me dedicando mais ao Fantástico, tenho dois originais inéditos nesse gênero, ainda procurando editora, o Muito além dos seus sonhos e o Sete perguntas para um dragão. Espero publicá-los em breve! Como já disse, tenho dois livros infantis no prelo: Poesia de cada dia e O Encafronhador de trombilácios. E atualmente estou trabalhando com uma nova parceira, a talentosa autora Helena Gomes, em uma obra de suspense que fala de... lobisomens! Está sendo uma delícia escrever esse livro, que ainda não tem título definitivo, mas deve ficar pronto em pouco tempo.

Ademir Pascale: Para os autores iniciantes, qual seria a sua dica para a chave do sucesso?

Rosana Rios: Ler muito. Pesquisar muito. Revisar vinte vezes cada original, buscando o equilíbrio entre o coloquial e a norma culta, entre o fluir do texto e a gramática correta. E não desanimar com as recusas dos editores: mesmo tendo 20 anos de carreira e 100 obras publicadas, eu recebo recusas com frequência. Uma recusa não quer dizer que seu livro não é bom, significa que o editor tem outros interesses em mente, e que você sempre pode melhorar seu texto. Cada livro tem seu espaço, o autor deve apenas ter a paciência para encontrar o espaço certo.

Perguntas Rápidas:

Um livro: Deuses Americanos, de Neil Gaiman.
Um(a) autor(a): Mircea Eliade.
Um ator ou atriz: Judy Dench.
Um filme: Highlander (o primeiro, pois Só Pode Haver Um).
Um dia especial: todos os dias de sol.
Um desejo: viver num mundo sem guerras.

Ademir Pascale: Desejo-lhe muito sucesso. Um grande abraço.

Rosana Rios: Obrigada pelo convite para a entrevista! Sucesso também para o Portal Cranik e para vocês dois, Ademir e Elenir.  

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistada: Rosana Rios.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

Indique esta entrevista para um amigo! Clique Aqui      

 


© Cranik - 2003/2009