ENTREVISTA COM O ESCRITOR WILLIAM GOLDONI

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor William Goldoni.
 (28/11/08)

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William Goldoni - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Primeiramente, agradeço por ter aceitado a entrevista. Gostaria de saber como foi o início de William Goldoni na literatura.

William Goldoni: agradeço a oportunidade da entrevista. Bem, estou ainda no início na literatura mas, referindo-me às primeiras publicações, foi uma espécie de entrada em outro mundo. Minha formação é engenharia agronômica, mas minha tendência natural de ver e processar o mundo sempre foi científica e técnica, mesmo antes de entrar na universidade. O cansaço com essa forma tão analítica de pensar acabou por despertar maior interesse em ciências humanas. Desde a infância gosto de história, egiptologia, literatura e espiritualismo, mas isso era hobby para horas vagas. Quando em 1999 estudava inglês antes de uma viagem aos Estados Unidos, li adaptações em histórias em quadrinhos dos romances de Agatha Christie “And Then There Were None” (“A Ilha dos Dez Negrinhos”, no Brasil) e “Death On The Nile” (“Morte sobre o Nilo”). O enredo, a força dos personagens, o desfecho surpreendente e o realismo das cenas me impressionaram. Uma dúvida me obcecou: como é possível inventar uma história tão interessante? A questão me acompanhou por meses, desdobrando-se em muitas outras mais específicas sobre detalhes da obra de ficção. Na verdade, queria saber fazer aquilo. Então comecei a buscar fontes técnicas sobre como escrever um conto, um romance, um filme. Após estudar manuais de redação, gramática, construção de diálogos, personagens, enredo, cenários e roteiro, fiz minha primeira tentativa: escrevi quatro contos para participar de um concurso. Como o resultado demoraria a sair, esqueci deles e me dediquei a escrever um romance, mais do meu interesse. Três anos depois ficou pronto “O Grito da Esfinge”, publicado em 2005. Quando saiu o resultado do concurso de contos – não fui classificado em nenhum – reli os quatro. E vi como meu estilo havia mudado; meus contos eram horríveis, cheios de elementos estilísticos desagradáveis, lentos, monótonos. Foi assim que percebi pela primeira de tantas vezes como o estudo e o aperfeiçoamento da técnica são importantes.

Ademir Pascale: Poderia falar um pouco sobre a sua obra “O Grito da Esfinge – prisioneiros da eternidade” (Novo Século)?

William Goldoni: no século V a.C., o grego Heródoto viajou pelo Egito e entrevistou muitas pessoas, interessado que estava por aquela civilização. Dos muitos lugares que visitou, narrado em seu livro “História”, alguns não foram encontrados ou eram um pouco diferentes do seu relato. Desde então lendas, histórias, teorias conspiratórias e romances psicografados mencionam tais lugares, parte ainda não encontrada pelos arqueólogos. Em “O Grito da Esfinge”, uma equipe de estudiosos brasileiros da USP pesquisa isso em Gizé, quando um cientista desaparece. Os demais, alunos estagiários do projeto de pesquisa, decidem à revelia da universidade investigar por conta própria. Em sua ânsia ingênua e entusiasmada, fazem descobertas apreciáveis, mas envolvem-se até o pescoço com problemas, sem saberem como conseguirão se livrar. Os personagens não apenas vivem a aventura; deparam-se com questões interiores, posturas morais e racionais que mostram-se essenciais ou completamente nocivas à sobrevivência, as quais requerem reforma urgente ou afirmação sem vacilação. Isso os leva a se conhecerem melhor, encarar defeitos e tomar decisões difíceis. De certa forma, todos também fazemos isso diariamente no mundo em que vivemos.

Ademir Pascale: E como foi a idéia inicial para a sua nova obra “O Protocolo Anúbis – o chamado das areias da morte” (Tarja Editorial)? Ela é uma continuação do “O Grito da Esfinge”?

William Goldoni: originalmente o plano era uma trilogia. Mas a história tem me empolgado e tenho planos mais ambiciosos para Christian, o inquieto aluno de biologia da USP de “O Grito da Esfinge”. “O Protocolo Anúbis” acontece em seqüência a “O Grito”, mas não é exatamente uma continuação, pois cada livro tem começo, meio e fim próprios. Há quem leu “O Protocolo” e, interessando-se pelos antecedentes dos personagens, leu “O Grito” depois. Em “O Grito” tudo começa com fragmentos de papiros descobertos em Gizé, que levaram ao desaparecimento do cientista, o professor Manccini. Em “O Protocolo” parte dos fragmentos foi traduzida, levando o grupo de volta ao Egito para outra pesquisa, na fronteira com o Sudão. Lá Christian descobre com seus colegas parte dos “enigmas” que os papiros mencionam, e isto custa-lhes muito. Terroristas estão interessados no real significado do “enigma” e a luta desigual leva os abalados mas persistentes alunos ao limite das forças. Não é à toa que aquela região da África foi alvo de explorações até mesmo dos nazistas. Adolf Hitler e o próprio Partido Nazista tiveram suas origens em sociedades secretas esotéricas, com interesse direto nos mistérios das areias sudanesas.

Ademir Pascale: Mesclando fatos verídicos com fantasia em suas histórias, gera mais credibilidade ao leitor, dando a impressão de acontecimentos reais?

William Goldoni: a maior parte de minhas histórias é real, sendo fictícios apenas os personagens centrais. Fictícios, mas não irreais, pois eles são como nós. A diferença maior é que não temos as mesmas oportunidades de aventura pelo mundo que eles têm. No caso de “O Protocolo”, o embaixador egípcio assassinado no Iraque, o aventureiro Laszlo Almásy, a política genocida do governo sudanês e centenas de outros detalhes são reais. Da mesma forma como os lugares, tensões políticas, argumentos e métodos dos terroristas e mistérios que desafiam egiptólogos.

Ademir Pascale: Você é estudante de arqueologia, egiptologia e história. É nítido que estes estudos lhe influenciam, mas na literatura, quais são suas principais influências?

William Goldoni: as principais eu acredito serem Michael Crichton, Agatha Christie e J. W. Rochester. Se bem que Crichton menos que os outros dois, pois nele admiro mais os cenários bem construídos e o roteiro bem montado. A. Christie me empolga mais pelo enredo complexo, desafiador, que exige o máximo de nossas especulações. E J. W. Rochester pelos personagens reais, realismo histórico, abordagem única e enredos de evolução completamente imprevisível.

Ademir Pascale: Além do site www.oprotocoloanubis.com, onde os leitores poderão saber mais sobre você?

William Goldoni: o site tem muitas informações, meu e-mail e uma página de FAQs, onde coloquei perguntas que os leitores geralmente me fazem. Também há o perfil no Orkut, onde o leitor pode deixar recados e depoimentos. Na comunidade “O Grito da Esfinge”, há também espaço para perguntas e os fóruns. Além desses meios eletrônicos, costumo participar de palestras e debates, na Cidade de São Paulo principalmente, onde tenho oportunidade de encontrar os leitores e trocarmos impressões. É muito gostoso esse contato.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

William Goldoni: sim. O terceiro livro, ainda sem título, leva Christian de volta ao tempo do faraó Senusret, para investigar pessoalmente o mistério que protege o maior perigo que ronda a comunidade de sacerdotes-magos de Maha-Ettel: o Serpente de Chifres. Essa volta será decisiva para a entrada no oásis perdido. Além desse livro há o “Utopia Nemesis”, pertencente ao mesmo universo “Devakan Mundo 25.920”, mas que não traz Christian como protagonista. A história se passa no ano 2646, quando várias luas, satélites e planetas do Sistema Solar estão colonizados. Mas não há só os humanos que conhecemos nessas colônias. A bioengenharia criou outras espécies hominóides, adaptadas a ambientes diferentes da Terra. O domínio da força da gravidade é uma realidade, e cruzar o espaço interplanetário é corriqueiro. Mas um surpreendente fenômeno ameaça as colônias: na última década o Sol entrou em atividade estranha, uma espécie de envelhecimento precoce, adiantando a fase de esfriamento que deveria ocorrer só a daqui alguns milhões de anos. A conseqüência é uma alteração do equilíbrio do Sistema Solar que afeta todos os planetas luas, satélites, estações espaciais, asteróides e pior – os cometas e meteoróides que vêem em revoada do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort. Entre esses astros intrusos há um corpo estranho, parecendo um cometa, em rota de colisão com a Terra e Marte, os planetas mais ricos e populosos do Sistema. E uma equipe formada por diferentes espécies humanas, recrutada às pressas, terá de descobrir o que é esse corpo invasor e instalar um aparelho capaz de desviá-lo. “Utopia Nemesis” é parte da Coleção Algória, uma coletânea de livros de seis autores de ficção científica e fantástica, com previsão de lançamento para 2009. Finalmente, está previsto também para daqui a alguns anos o lançamento da história que antecede “O Grito da Esfinge” em milhares de anos, a origem do ciclo de histórias contadas no universo “Devakan Mundo 25.920”. Ainda sem título, mostrará os momentos finais do continente Atlântida, o surgimento da 5.ª Raça (Homo sapiens sapiens) e como Anfion saiu de lá e fundou uma colônia no Vale do Nilo, o futuro Egito.

Perguntas rápidas:

Um livro: Romance de Uma Rainha, de J. W. Rochester (psicografia).
Um(a) autor(a): J. W. Rochester.
Um ator ou atriz: Morgan Freeman.
Um filme: A Noviça Rebelde.
Um dia especial: todo dia em que mexo no jardim do meu apartamento.

Ademir Pascale
: Foi um grande prazer conversar contigo. Desejo-lhe muito sucesso.

William Goldoni: agradeço você, Pascale, pela oportunidade de mostrar minhas idéias, e pelas perguntas bem escolhidas. Faço votos que continuemos nessa deliciosa jornada que é a escrita de ficção, sempre nos levando a ultrapassar nossos limites. Agradeço também aos meus leitores, sempre muito animadores e que nunca se esquecem de me cobrar novos lançamentos. É um prazer trabalhar com vocês e para vocês! 

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O Protocolo Anúbis - William Goldoni
   

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Entrevistado: William Goldoni.
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