CRÍTICA - ENCONTRO EXPLOSIVO:
Existem duas opções para
se ver “Encontro Explosivo”: a primeira é levando-o
a sério, se irritando com toda sua idiotice e,
provavelmente, se levantando no meio dele para ir
embora da sala; a segunda (que é a que eu recomendo)
é enxergá-lo como uma piada e, pelo menos assim,
sair satisfeito com grande parte do filme.
Na trama, Cameron Diaz é uma “ninguém” que esbarra
com um projeto de “Jason Bourne”, interpretado por
Tom Cruise, no meio de um aeroporto e, o que vem
depois disso, é um show de conspirações, carros
voando, muitas balas, explosões e perseguições em
alta velocidade. Tudo que um filme de ação
precisaria para existir e aqui ainda ganhando uma
pitada de absurdo que o deixa mais divertido ainda.
E grande parte desse lado anedótico do filme não vem
simplesmente de uma comédia de situações, onde o
casal se mete em enrascadas, mas sim da boa mão do
diretor James Mangold, que tem sua filmografia
repleta de acertos como “Os Indomáveis”, “Garota
Interompida” e “Walk the Line” entre outros e que
parece rir do gênero a cada instante, tanto nas
entradas em cena do agente vivido por Cruise, sempre
parecendo saído de algum tipo de clichê exagerado,
como a cada sequência de ação, onde sua câmera
parece se divertir por estar diante de uma aventura
das mais mentirosas.
Infelizmente, o roteiro do estreante Patrick O´neall,
mesmo fazendo um ótimo trabalho ao criar uma
história simples e que dá espaço para alguns
momentos impagáveis entre o casal de protagonistas,
peca fortemente ao criar uma trama que necessita
desesperadoramente de uma reviravolta final, mas que
não consegue impor esse peso todo nela quando ela,
por fim, chega. Perdendo a chance de usar o tal “Zeffyr”,
uma espécie de bateria, como um McGuffin (aquela
desculpa que Hitchcock inventou para carregar
algumas de suas tramas) que faria mais sentido ainda
em uma trama que se sente a vontade rindo dela
mesma.
E é justamente nessa última parte que Mangold é
obrigado a desperdiçar seu bom humor e correr em
direção a um filme de ação no qual ele parece pouco
a vontade, não pela ação em si, já que nesse caso
ele se mostra o tempo todo preciso e mantendo sua
câmera a uma distancia confortável que em nenhum
momento “embola” suas cenas, mas sim por ter que
finalizar essa trama de conspiração, tendo ainda que
interromper o ritmo com uma ou outra sequência
explicativa e comum que pouco combinam com o resto
do filme.
Ainda que nesse momento, quem não tiver se deixado
levar com o filme, já terá desistido a um tempão, a
outra porção de espectadores sentirá esse baque no
ritmo, pois será obrigado a passar boa parte do
terceiro ato sem esboçar um sorriso.
Mas uma coisa que ambos lados apreciarão, sem sombra
de dúvida, é uma ótima dinâmica entre Diaz e Cruise.
Muito pelo modo avacalhado com que o roteiro trata
seus personagens, já que enquanto ela parece sempre
perdida diante de tudo que está acontecendo, ele,
precisa a todo custo manter uma imagem de espião
impecável, duas facetas que caem como luvas para
ambos atores, principalmente para o galã, que acaba
sabendo rir do próprio arquétipo que sua presença se
tornou graças aos seus “Missões Impossíveis”. Por
outro lado, é ele mesmo, Cruise, que acaba
escorregando um pouco ao encarar demais um lado meio
esquizofrênico de seu personagem, o que claramente
só dá as caras para poder colocar em dúvida quem
está certo e quem está errado (na reviravolta), mas,
um certo exagero na mão, acaba deixando-o
desconfortável para o espectador.
Pensando bem, é impossível levar “Encontro
Explosivo” à sério, já que nem o romance entre os
personagens parece passível disso, fadado a ser
atrapalhado por um monte de situações de risco e uma
ótima sequência onde ela, dopada, é carregada de um
galpão até uma ilha deserta, passando por uma fuga
de algum tipo de masmorra, de para quedas e tudo
mais, a qual, provavelmente, nenhum diretor jogasse
fora (além de dar inveja ao 007), mas que aqui,
Mangold resolve-a em alguns poucos flashs embaçados,
como se, de propósito, desperdiçasse-a e mostrasse
que a única coisa que ele quer é ser simpático e
divertido, já que, de explosões o resto do filme, e
o cinema em geral, estão cheios.
Knight and Day (EUA, 2010) escrito por Patrick
O´neill, dirigido por James Mangold, com Tom Cruise,
Cameron Diaz, Peter Saarsgaard, Viola Davis e Paul
Dano
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Vinicius
Carlos Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
Site: www.cinemaqui.com.br
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