RESENHA CRÍTICA DO FILME
"DESERTO FELIZ"
por Rodolfo Lima -
Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
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DESERTO FELIZ
- (Foto Divulgação)
CRÍTICA - DESERTO FELIZ - “Deserto
Feliz” de Paulo Caldas é um singelo relato sobre a
prostituição infantil. Não tem ares de denúncia como
“Anjos do Sol” (2006) de Rudi Lagemann, e nem de
revelar a baixeza do ser humano como em “Baixio das
Bestas” (2007) de Claudio de Assis, está mais para a
linha poética de O “Céu de Suely” (2006) de Karim
Aïnouz. Em todos os filmes citados a prostituição
move as protagonistas.
Jéssica (Nash Laila) tem 14 anos, mora no sertão
nordestino, está cansada da rotina que leva e dos
abusos sexuais do padrasto. Foge de casa e acaba se
envolvendo com o turismo sexual, na cidade de
Recife, cidade onde mora com mais duas prostitutas
Pamela (Hermila Guedes) e Maria ( Magdale Alves).
A garota não é ingênua como as meninas do filme de
Lagemann e nem uma coitada como a protagonista do
filme de Assis, está mais para Suely, já que
premedita de certa forma sua própria rotina. Sem
grandes explicações a menina vai embora com um
caminhoneiro e se vê dançando sensualmente para
estrangeiros a fim de diversão.
Jéssica não sabe o que esperar do futuro, bebe e se
droga, como para evitar pensar na rotina que mina
sua perspectiva de uma vida melhor. Ao se deparar
com Mark (Peter Ketnath) vê nele – que a oferta
atenção e carinho – uma possibilidade de redenção.
O filme soa fatalista, não há possibilidade de se
reinventar o caminho quando ele é tortuoso. Jéssica
sai do Brasil, acompanhando seu “homem”, mas não
consegue se adaptar fora da sua terra, dos seus
afazeres diários. O fato de ser adolescente não a
exime da responsabilidade de ser “perfeita” para o
outro. Não, o afeto não é suficiente. E quando nos
deparamos com o olhar vago da protagonista no final
do filme, podemos supor que para algumas pessoas o
caminho é de mão única não há retorno.
O filme de Caldas se estende do meio para o fim,
como para nos entediar com a rotina “estrangeira” de
Jéssica. A neve e a palidez de uma terra estranha
metaforizam o universo amoroso da garota que poderia
ter sido salva por um homem encantado com os dotes
de uma morena brasileira.
Nash alterna em seu olhar certa delicadeza aliada a
uma dureza, que não se encontra em qualquer atriz
tão jovem. Assume a responsabilidade de viver
Jéssica e em boa parte a empatia que o filme causa é
por sua atuação.
Caldas poderia ter sido mais sucinto e talvez seu
filme fosse mais certeiro. Mas o diretor quis
prolongar e testar a paciência do público, que
diante de um argumento conhecido, recria as mazelas
dos habitantes nordestinos, sem a menor perspectiva
de futuro.
Não é um filme fácil, porém interessante.
Ficha técnica
Título Original: Deserto Feliz
Gênero: Drama
Duração: 88min.
Lançamento: Brasil - 2007
Direção: Paulo Caldas
Roteiro: Paulo Caldas, Marcelo Gomes, Manoela Dias,
Xico Sá
Produção: Germano Coelho Filho
Co-produção: Camará Filmes Ltda
FILME:



Ótimo: 



Bom:



Regular:

Crítico: Rodolfo Lima
- Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
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