CRÍTICA: X-MEN 3 - O CONFRONTO FINAL - Antes
de qualquer coisa, já vou avisando que deixei minha
imparcialidade fora do cinema quando fui ver “X-Men:
O Confronto Final”, portanto ao lerem essas linhas
que se seguem esperem uma opinião de um cara que
convive com os mutantes do professor Xavier desde os
anos 80.
Quando o segundo filme da franquia acabou, e ao
fundo do lago aparecia o reflexo alaranjado da
Fênix, ave mitológica que renascia das cinzas, minha
primeira sensação foi de que tudo tinha sido muito
bem trabalhado e costurado para que os três filmes
formassem uma coisa única, o que realmente acontece.
Mesmo com a debandada de Brian Singer (diretor que
deu vida aos dois primeiros filmes), que preferiu
levar o retorno do último filho de Krypton para as
telas, “X3” continua fazendo àquilo a que se
propunha: diverte, só que agora nas mãos de Brett
Retner.
O novo diretor faz um ótimo trabalho, mas falha em
um único ponto: ele não é Brian Singer. Retner faz
um filme mastigadinho, e mesmo com excelentes
seqüências de ação, amor, drama e ótimas pitadas de
humor, ele parece ser raso demais, como se toda
história tivesse sido pensada para que certa cena de
ação acontecesse de tal jeito, ou que certo
personagem tivesse que morrer para aumentar o drama,
mesmo que ele não tivesse o porque de morrer dentro
da história.
É triste, pois com 37 anos de histórias em
quadrinhos, todos as melhores tramas, os dramas mais
profundos, as mortes mais tristes, e as melhores
cenas de ação já estão no papel, só resta aos
roteiristas lerem um número da revista pelo menos,
coisa que, às vezes, acho que não acontece e isso
vale também para o diretor.
A verdade é que em linhas gerais, tudo está mal
adaptado se levarmos em consideração que o filme é
uma “adaptação dos quadrinhos”. Começando pelos
erros recorrentes, que levam Ciclope, o primeiro
aluno do Professor Xavier, líder dos X-Men e galã
nas horas vagas, a mais uma ponta no filme, enquanto
nesse, como nos outros dois, deveria de ser o
personagem principal junto com Wolverine, criando um
clima de disputa, que diverte os leitores, mais uma
vez ele é totalmente jogado de lado.
Em uma clara tentativa de agradar aos fãs, nesse
filme o que não falta é mutante e mesmo com a grande
maioria tendo saído das páginas dos quadrinhos, esse
é claramente um tiro que saiu pela culatra.
Do lado dos bonzinhos, é onde se percebe mais como
os realizadores do filme não tiveram a mão para
desenvolver os personagens, o tão esperado Anjo,
mesmo visualmente perfeito, é totalmente
descaracterizado, sendo jogado na lata do lixo,
junto com o ótimo Colossus e suas duas linhas de
diálogo, salvando-se apenas o Fera, com uma ótima
maquiagem, e muito bem interpretado por Kelsey
Grammer (do seriado “Frasier”).
De resto fica a impressão que temos mais uma vez um
filme do Wolverine, agora com a participação de
Tempestade, que ganha mais presença no filme, mas
ainda assim dá vergonha cada vez que ela vai usar
seu poder, pois parece que ela ainda tem muita
dificuldade, tem que parar o que está fazendo, olhar
para o céu, mudar a cor do olho e fazer qualquer
tipo de gesto ridículo, clara mancada da direção.
Nesse “samba-do-mutante-doido” mais uma vez quem
chama toda a atenção é o canadense Wolverine, e o
vilão Magneto, que são os únicos que claramente
ganham uma preocupação maior do lado dos
roteiristas, com certeza como uma preparação para os
seus filmes solos.
Mas mesmo com todos os problemas de adaptação, o
filme, que mostra Jean Grey renascendo como Fênix,
ao mesmo tempo em que o mestre do magnetismo e a
Irmandade de Mutantes jogam sua ira contra uma
suposta “cura” para as mutações, ainda consegue
agradar, principalmente no quesito ação, no qual
Retner parece entender muito bem o apelo visual da
história e enche o filme de seqüências de cair o
queixo, como o conflito em Alcatraz que desde agora
já é a seqüência mais empolgante dos três filmes, e
provavelmente a única na trilogia que consegue
explorar todos os personagens em ação.
Como já disse o filme é empolgante, com um roteiro
que consegue dramatizar muito bem a história, e leva
até o último limite a expressão de que em uma guerra
os dois lados tem baixas, e, mesmo nesse caso
algumas não sendo muito apropriadas, ainda assim tem
uma carga dramática emocionante.
Para os fãs, como eu, aposto que só a seqüência
inicial mostrando a tão esperada Sala de Perigo,
simulando uma clássica história dos X-Men e um certo
robô gigante (mesmo coberto pela névoa ainda se tem
o gostinho de até que em fim ver um Sentinela) já
valem o ingresso.
Se como os produtores falaram, “X-Men: O Confronto
Final” fecha a trilogia, eu tenho que dar o braço a
torcer que foi um ótimo fechamento, mas como eu acho
que, além das altas bilheterias, o roteiro por si
deixa abertura para mais uma seqüência (se Deus
quiser), o que nos resta é esperar sentados no
cinema até o fim dos créditos (já que no final o
filme ainda nos guarda uma surpresa importante) e
aguardar ansiosos pela volta desses mutantes para a
telona.
Diretor: Brett Ratner
Distribuidora: FOX FILM
Cena do filme
X-MEN 3 - O CONFRONTO FINAL (Foto Divulgação)
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Vinicius
Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
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