CRÍTICA:
VIAGEM MALDITA - Há pouco mais de um ano
atrás passeando pela internet li alguma coisa a
respeito de um filme de terror francês que vinha
fazendo barulho mundo afora, logo depois esse filme
acabou “caindo” na minha mão, e eu, como amante do
gênero, fiquei extasiado com ele, o filme se chama
“Haute Tension” (no Brasil foi lançado a menos de um
mês com o título de “Alta Tensão”) e era dirigido
por um tal de Alexandre Aja.
Pouco tempo depois, esse mesmo diretor foi
contratado para dirigir a refilmagem do clássico de
1977 “Quadrilha de Sádicos” do mestre Wes Craven.
Por um lado eu tive aquele medo de quando o assunto
é refilmagem, mas por outro, fiquei aliviado pela
escolha do diretor.
“Quadrilha de Sádicos” virou “Viagem Maldita” (algo
inexplicável já que o original “The Hills Have Eyes”
algo como “As colinas tem Olhos” é muito melhor e
auto-explicativo) e Alexandre Aja definitivamente
ganha projeção mundial, entrando para o grupo de
diretores que vem fazendo bonito quando o assunto é
terror.
A história continua praticamente a mesma, como
presente de 25 anos de casamento o casal resolve
juntar toda a família, sem esquecer do casal de
cachorros, em um trailer e ir dirigindo até a
Califórnia, não sem antes passar pelo deserto do
Novo México, a pedido do pai, depois de
reabastecerem em um posto recebem a “dica” de um
atalho, já nesse novo caminho sofrem um acidente e
acabam descobrindo que no meio do deserto cercado de
colinas, não estão sozinhos, e que essa companhia
está longe de ser amistosa.
Desde o começo do filme fica claro que o diretor
Alexandre Aja não está ali para brincadeiras, nos
créditos iniciais você já começa a ficar um pouco
incomodado com a calma musiquinha temperando uma
seleção de imagens meio perturbadoras. O filme
começa e esse sentimento continua, e não para de
crescer, até a hora que você percebe que toda
viagem, assim como a própria família, começam a
ruir, e acabar de um modo impactante. O primeiro
ataque ao trailer, praticamente igual ao original, é
desesperador.
Mas o que vai chamar mais atenção dos amantes do
gênero é que o diretor não tem frescura nenhuma
quando o assunto é terror, além de sustos muito bem
colocados, ele faz questão dos closes mais bizarros
e de revirar o estômago, cabeças estouradas,
machadadas e por aí vai, mas como no original,
talvez o maior terror do filme, venha da situação da
família, no meio do nada, cercada de “criaturas”,
vendo seus parentes sendo assassinados, e isso é
muito bem tratado na imagem do genro que ao final do
filme está tomado pela insanidade.
Escrito por Gregory Levasseur e Aja, repetindo a
parceria de “Alta Tensão”, o roteiro é hábil e muito
bem estruturado, desenvolve muito bens os
personagens de um modo fluído, sem forçar situações,
dando muita importância ao relacionamento entre
eles, e crescendo a história de um jeito quase
homeopático, seguindo o original a risca (nada mais
óbvio já que “Quadrilha de Sádicos” é referência até
hoje nesse sentido), nada de reviravoltas, quando o
filme começa você já tem uma certa impressão de como
vai acabar, a habilidade está em fazer essa
previsibilidade ser interessante, e é isso que eles
conseguem.
Minha única decepção está em uma fotografia normal
demais, tenho que confessar que esperava algo mais
dentro do clichê deserto-saturado, mas isso não
chega a incomodar, do mesmo jeito que o elenco, mais
para o fraco, mas que é ajudado pela ótima maquiagem
e pela direção.
Desde já, “Viagem Maldita” se junta ao “O Albergue”
no quesito melhores filmes de terror lançados no
Brasil nesse ano, além de Alexandre Aja se juntar a
Eli Roth como futuro do terror-sem-frescura no
cinema.
Distribuidora: FOX FILM
Direção: Alexandre Aja
Duração: 107 min.
Gênero: Terror
Estréia no Brasil: 30/06/06
Cena do filme
VIAGEM MALDITA (Foto Divulgação)
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Vinicius
Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
Indique esta matéria para um amigo!