RESENHA
CRÍTICA DO FILME "UM HERÓI DO NOSSO TEMPO"
por Luiz Carlos Filho -
carvalho_psd@uol.com.br
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UM HERÓI DO NOSSO TEMPO
- (ART FILMS)
Festival de Berlim
Melhor filme:
Grande Prêmio do Júri
Grande Prêmio do Público
Prêmio do Júri Ecumênico
Festival de Copenhagen
Melhor filme
Melhor Roteiro
Um filme de Radu Mihaileanu
CRÍTICA: UM HERÓI DO NOSSO TEMPO - “Pai, perdoai-vos,
pois eles não sabem o que fazem”. Parece que as
palavras de Jesus, antes de ser crucificado, faz
sentido depois de assistir a esse maravilhoso filme
de Radu Mihaileanu. Um garoto que sofre preconceito
religioso, racial e étnico, não poderia fazer outra
coisa se não perdoar àqueles que o tenham ofendido.
O final até poderia ter sido diferente, Sholomo, o
protagonista da história, talvez se revoltasse com
os infortúnios que a vida lhe proporcionou e, ao
final, se tornar um terrorista. Mas não, agüentou as
chibatadas do tempo e deu uma lição de vida ao se
tornar médico para salvar os indivíduos menos
afortunados com o destino.
Sholomo não escolheu onde ia nascer, o destino se
encarregou de colocá-lo num dos piores lugares do
mundo em termos de condições de sobrevivência.
Nasceu, negro, pobre, cristão e etíope. Perdeu os
irmãos, o pai, e por fim tinha acreditado que a
própria mãe o tinha abandonado para viver nas mãos
de brancos que testavam sua religiosidade, no caso o
judaísmo, durante todo o tempo.
Sua mãe sabia o que estava fazendo ao entregar
Sholomo a uma ‘segunda mãe’ para que ele tivesse
alguma chance e sair daquele flagelo que assolava
milhões na Etiópia. Essa ‘madrasta’, que o levou
embora, era da tribo dos Falashas, judeus etíopes
que são da linhagem da Rainha de Sabá e,
conseqüentemente, tinham lugar garantido em Israel.
E foi justamente nas mãos dos judeus, que têm toda
um histórico de perseguição, que ele aprendeu o que
é o preconceito.
Nesta segunda etapa de sua vida acontece o que ele
menos esperava, sua segunda mãe morre, Sholomo fica
a deriva e desprotegido numa terra desconhecida,
onde agentes do governo israelense caçam falsos
Falashas que se infiltram entre os verdadeiros para
fugirem da fome que castigava a Etiópia. Ele conhece
uma terceira mãe ao ser adotado, conhece também o
que é ser diferente, o que é ser negro numa terra de
maioria branca. Numa das cenas mais bonitas do
filme, sua mãe israelense beija e lambe seu rosto
para mostrar a outras pessoas que seu filho não era
doente, e sim diferente.
O diretor Radu Mihaileanu demosntra uma grande
sensibilidade ao enfocar a busca pela identidade.
Talvez Radu tenha se inspirado na própria vida. O
diretor saiu quando pequeno da Romênia para morar
com seu tio na França. Além dessa busca do Eu, o
filme capta os contextos daquela região do globo
onde, apenas o fato de admirar um Deus com outro
nome, é capaz de causar atritos que muitas vezes
acabam em conflito bélico.
E é nesse contexto que Sholomo, já adulto, entra
para o exército israelense como médico. Numa das
cenas finais Sholomo é questionado por seu superior
ao atender uma criança palestina que estava ferida,
e que sua função ali era cuidar apenas dos soldados
israelenses. “Entende?”, pergunta o seu superior ao
final da conversa, mas Sholomo não entende o mundo
pelo ângulo da diferença. Ninguém consegue entender
até hoje. E a frase de Jesus no começo do texto
sobre perdoar o próximo, mesmo quando esses afetam
os interesses individuais e coletivos, fica sem
sentido num mundo rancoroso e cheio de preconceitos.
Direção: Radu Mihaileanu
Distribuidora: Art Films
Gênero: Drama
Duração: 140 min.
Ano:
França/Israel - 2004
Estréia: 10/03/06 - Rio de Janeiro, São Paulo
e Brasília.
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Foto Divulgação do Filme -
Um Herói do Nosso Tempo
Filme:
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Crítico: Luiz Carlos
Filho - Jornalista e Escritor -
carvalho_psd@uol.com.br
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