CRÍTICA - TERROR EM SILENT HILL:
Devo admitir que sempre
gostei de jogar algumas horas fora na frente de um
vídeo-game, de uns tempos para cá fiquei meio sem
tempo para desperdiçar, mas cheguei a jogar “Silent
Hill” antes desse meu afastamento, e fiquei
impressionado. O jogo é o que eu poderia chamar de
“quase um filme”, ângulos de câmera inspirados,
trilha sonora tensa, personagens fortes, terror,
sustos, e um roteiro muito complexo, por esses
fatores já tinha certeza que em algum momento era de
se esperar que o “quase” fosse passado para trás, e
agora estréia no Brasil (com um pequeno atraso de
quatro meses) “Terror em Silent Hill”.
Tanto no jogo como no filme, a história é focada em
uma cidadezinha que está sempre recoberta por uma
densa névoa que esconde criaturas horripilantes, que
dão lugar em certos momentos do dia para uma
realidade infernal comandada por demônios. O filme
que não é uma adaptação de um jogo, mas sim uma
história original bebendo na fonte dos quatro jogos
da franquia, mostra a luta da mãe Rose DaSilva para
achar sua filha Sharon, que se perdeu em Silent Hill
depois das duas irem atrás da cidade à procura de
respostas para o sonambulismo da filha, mas sofrem
um acidente na sua entrada.
A grande má notícia é que o filme decepcionará o
grande público que procurará no filme o que o
trailer tentava mostrar: terror e sustos.
Dirigido pelo francês Christopher Gans (o mesmo do
ótimo “Pacto dos Lobos”), o filme segue um caminho
diferente, no terror perturbador, com criaturas mais
parecidas saídas de algum pesadelo, mas sem se
preocupar em assustar o público e sim em
impressioná-lo. Dotado de um estilo impressionante,
Gans faz um filme visualmente extremamente bacana,
conseguindo capturar quase que perfeitamente o
visual do game, os ângulos de câmera do início do
filme, quando Rose anda pelas ruas da cidade, são
iguais ao do jogo (coisa que com certeza agradará os
fãs).
Assim como se mostra um diretor cada vez mais
habilidoso quando o assunto é imagem, Gans também
deixa claro a falta de tato para o elenco, do mesmo
jeito que em seu “Pacto de Lobos” somos obrigados a
ver o péssimo Mark Dacascos, aqui fica tudo pior, já
que o elenco inteiro não presta, a começar pela
heroína Radha Michell, até os figurantes com cara de
idiotas, passando pela assustadorazinha Jodell
Ferland, que dá mais medo por ser péssima.
Mas a minha grande decepção do filme foi ver o nome
de Roger Avary como roteirista, com uma carreira
digna de respeito (escreveu “Pulp Fiction” com
Tarantino e fez o ótimo “Regras de Atração”
recentemente) jogar toda sua qualidade de escrita de
lado e nos apresentar um roteiro totalmente comum,
reto, sem emoção, arrastado e repleto de diálogos
vergonhosos.
Mas voltando ao visual, é bom ressaltar os ótimos
trabalhos de fotografia e direção de arte, que são
os pontos altos do filme, criando muito bem toda a
atmosfera, passeando entre as três realidades do
filme sem se perder, mesmo com o claro uso de
filtros, luz e cores para diferenciar elas, tudo é
muito bem feito, e em nenhum momento cansa, mesmo
pulando de uma para outra a toda hora, a textura que
eles conseguiram no fim da seqüência do hospital é
de tirar o fôlego, úmida, quente, plástica. É bom
lembrar também da ótima caracterização das
criaturas, que incomodam a cada vez que aparecem na
tela, de um jeito orgânico, deformado,
principalmente o zelador e o cabeça de pirâmide.
“Terror em Silent Hill” pode não agradar ao público
em geral, mas com certeza fará a felicidade visual
de muitos, além de acertar em cheio aqueles que
procuram um terror diferente.
Título Original: Silent Hill Gênero: Terror Duração: 127 minutos Ano: EUA - 2006 Distribuidora: Sony Pictures Entertainment /
TriStar Pictures Direção: Christophe Gans Roteiro: Roger Avary Site Oficial:
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Cena do filme
TERROR EM SILENT HILL (Foto Divulgação)