a

RESENHA CRÍTICA DO FILME "QUERÔ"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
Clique Aqui e conheça a Equipe Cranik


QUERÔ  -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - QUERÔ -  É um dos filmes mais emocionantes e contundentes que vi nos últimos anos. Consegue fazer do olhar ofendido do pequeno Querô a única chama de dignidade de seu protagonista. – Carlos Reichenbach

Num domingo ensolarado em plena hora do almoço com o centro da cidade bem movimentado – exatamente perto do Largo do Arouche – um garoto de rua aos prantos, berrava que queria suas borrachas de volta. Alegava que os “homens do posto” haviam tomado dele. Uma mulher chorava vendo a cena e talvez pela incapacidade de poder fazer algo. Quando a policia chegou, o menino só ficou mais assustado e os guardas mantiveram o local em ordem, afastando o menino do posto, com uma arma em punho.
Eu, um comum cidadão da metrópole, anestesiado por tanta descrepância em relação ao(s) ser (es) humano(s), passei reto.
Dei as costas á um indivíduo retratado na contundente dramaturgia de Plínio Marcos. Questionado sobre a importância de sua obra, o dramaturgo havia afirmado que enquanto a situação não mudasse, seus textos seriam importantes, mas isso nem era culpa dele e sim do sistema que não muda.
Querô, o filme de Carlos Cortez, trás a tona os garotos que permanecem a solta nas ruas. Desprovidos de oportunidades, filhos de uma miséria asfixiante, e sem rumo numa metrópole massacrante.
Jerônimo (Maxwell Nascimento) é órfão, morador da baixada santista, criado pela cafetina de sua mãe. Rebelde, sem amigos e a mercê das tentações mundanas, Querô – como é conhecido – acaba indo parar na prisão. Eis o celeuma de todo o problema da vida do protagonista. No meio de outros desvalidos da sociedade, Querô é estuprado e obrigado a conviver com uma sociedade que não aceita outra moeda de troca senão a própria vida. Ou você joga o mesmo jogo, ou está fora. Querô alterna estas duas possibilidades, porém seu caminho é torto e inevitável.
“Por que mãe, porque tu me pôs no mundo? Vivo de favor, durmo de favor, como de esmola. Isso presta mãe? Isso acaba com a gente. Deixa a gente ruim, mãe.” A frase dita pelo protagonista na solitária é de doer no peito. Nascimento traz para o personagem solidão, ingenuidade e raiva com uma verossimilhança que faz toda a diferença para a trama. Não sem motivo a Globo já tratou de escalar o ator para sua novela adolescente, Malhação.
Maria Luisa Mendonça – impagável como a mãe de Quero – Ângela Leal, Ailton Graça – com uma comicidade que lembra o trapalhão Mussum – Eduardo Chagas, Claudia Juliana, Milhem Cortaz, Eliseu Paranhos e Igor Maxiliano. Completa o elenco de um filme intenso, provocador e triste.
Outra cena que torna o expectador, cúmplice de Querô é a descoberta do amor. “Eu gosto quando tu me chama de Jerônimo, eu pareço outro cara”. Ao se deparar com o amor na figura de Lica, o menino desprovido de afeto, vê na jovem adolescente uma acolhedora chama, que rapidamente é apagada. Impossibilitado de ser o “Jerônimo da Lica”, Querô desiste.
É tão pertinente um filme como Querô, que tentar justificá-lo é algo redundante. Simplesmente veja.

Lançamento: 14/09/07
Assista ao trailer: Clique Aqui 
Distribuidora: Downtown Filmes
Ano: 2007 (Brasil)

CLIQUE AQUI E COMPARE O PREÇO DE DVD'S.

FILME:

Ótimo: 
Bom:   
Regular:

Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

Indique esta matéria para um amigo!


 


© Cranik - QUERÔ