RESENHA CRÍTICA DO FILME
"PRINCESAS"
por Rodolfo Lima -
Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
Clique Aqui e conheça a Equipe Cranik
PRINCESAS
- (Foto Divulgação)
LIVROS
SOBRE CINEMA
- GAMES ONLINE
- CAMISETAS DE FILMES - CONCURSOS
CRÍTICA - PRINCESAS - Nenhuma
prostituta no cinema teve tanta sorte como Vivian
(Julia Roberts) em “Uma Linda Mulher” (90). Sua
história virou fábula e se assemelha á filmes da
Disney, como “Cinderela” e “A Bela e Fera”. “Divas
de Blue Iguana” (00) tentou dar brilho e sustância
ao dia-a-dia das mulheres que se oferecem em troca
de dinheiro, mas ficou só na boa intenção (embora a
última cena, protagonizada por Sandra Oh, seja
belíssima). Bebel (Camila Pitanga) arremata os
espectadores da novela Paraíso Tropical, que já
torce para que sua sorte seja igual á de Vivian.
Os exemplos acima, citam (com exceção dos desenhos)
a profissão mais antiga do mundo, que ganhou retrato
exemplar de suas angustias, sonhos e
idiossincrasias, no tocante “Princesas” (05), de
Fernando Leon de Aranoa (Segunda Feira ao sol).
Cayetana (Candela Pena) e Zulema (Micaela Nevárez)
são amigas e estrangeiras dentro do espaço
territorial que ocupam dentro de suas famílias e
dentro de si mesmas. Os reflexos que se obtém na
banalização do sexo, quando ele se transforma em
moeda de troca, estão explicitado no filme. Seja
quando Zulema não consegue fazer sexo com um
paquera, ou na forma que Caye se apressa em se
vestir, ao termino de uma relação sexual com um
futuro namorado, pondo as roupas, de costas para o
companheiro, assim como faz com todos.
As “Princesas” de Aranoa, são jovens, entristecidas
e na medida do possível esperançosas. Uma
complementa a outra como se refletissem a si
próprias. (Ou a nós!?)
Zulema é a estrangeira, vinda da republica
Dominicana faz parte das prostitutas de beira de
rua, exiladas, doentes e ilegais, numa terra sem
lei. Faz parte do bando de mulheres que se unem num
“ponto” a espera de cliente. Apanha de homem, sofre
com a ausência de entes queridos e recebe uma
espécie de “chacoalhão” da vida quando se vê
portadora de uma doença sexualmente transmissível.
Mantém na mesma proporção á força para lutar e o
desejo de vingança, próprios em pessoas de sua
idade. Bonita como nenhuma outra prostituta do
filme, a estreante porto-riquenha Micaela Nevárez,
cativa e emociona, dando uma veracidade impar a
personagem que migra sem a menor dificuldade do
cômico para a denso.
Caye é uma jovem sem perspectiva, sem rumo, sem
“ninguém”. Acha que seios turbinados com silicone
lhe trarão mais clientes, embora não tenha a menor
noção do que fazer com está possível ascensão na
profissão. Seu sonho reside em ter alguém para
buscá-la no final do expediente. È daquelas pessoas
que não tem do que sentir saudades – argumentando
que nada de bom aconteceu em sua vida – mas mesmo
assim sofre com a(s) ausência(s). É estranho sentir
saudades do que não existiu?
É justamente o cotidiano banal e as simplórias - mas
não menos importantes – expectativas de Caye,
aliados a força e a vontade de vencer de Zulema, que
fazem com que “Princesas” seja um filme inesquecível
e indispensável na cinematografia espanhola. As
protagonistas do filme possuem a mesma ternura que
Hermila no brasileiro “O Céu de Suely”.
A câmera do diretor faz com que sejamos vouyer do
drama delas, dando a sensação de presenciar, ora de
“fora”, ora de longe, suas rotinas, regadas ao
contagiante som de Manu Chao.
Impossível esquecer o vazio que há nos olhos
mareados de água, de Caye e o seu relacionamento com
“o programador de computadores”. Triste e inevitável
fim para uma vida que parece não gozar de
benefícios, apenas de débitos.
Micaela não é Julia Roberts e daqui a uns seis
meses, ninguém mais se lembrará de Caye. O que não
deve acontecer com quem assistir ao filme de Aranoa.
Princesas que permanecerão no nosso subconsciente e
terão mais relevância que Vivian.
Não Percam!
Direção e Roteiro: Fernando León de Aranoa
Distribuidora: Art House Movies
Site Oficial:
www.princesasofilme.com.br
LIVROS SOBRE CINEMA
- CAMISETAS DE FILMES -
MINIATURAS COLECIONÁVEIS
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Rodolfo Lima
- Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
Indique esta matéria para um amigo!