CRÍTICA: O CÓDIGO DA VINCI - Começou a
corrida anual dos blockbusters, e o primeiro
exemplar é o esperadíssimo “O Código Da Vinci”, que
em um final de semana já provou que vai lutar entre
os grandes. Só nos Estados Unidos foram 77 milhões
de dólares, numero que aumenta para 224 milhões de
bilheteria pelo mundo.
Mas mesmo com todo esse dinheiro, a adaptação do
mega best-seller de Dan Brown vem fazendo um rastro
de péssimas críticas, a começar pela especializada,
que em Cannes, festival que abriu, já fez questão de
deixar clara sua indignação pelo filme, e com razão,
o filme simplesmente não funciona.
Para quem esteve abduzido por extra-terrestres nos
últimos anos, o livro conta a história do professor
de simbologia de Harvard Robert Langdon, que em uma
viagem a França acaba dando de frente com o
misterioso assassinato do curador do importante
museu do Louvre, além de ser acusado pelo crime, o
professor, junto com a especialista em criptografia
da polícia parisience Sophie Neveu, ainda dão de cara
com um segredo que pode mudar a história do
catolicismo e do mundo, ao mesmo tempo que são
perseguidos pela própria lei e por um monge albino.
Tirar o mérito literário da obra é um pouco de
petulância, além de ser um livro ágil, com ótimos
personagens, uma história que te prende, e um
assunto que todo mundo se interessa, o livro tem um
ritmo de filme do começo ao fim, e era só questão de
tempo até ele ir para as telas, mas quando chegou...
decepcionou.
Ao meu ver, o maior problema do filme ficou na sua
pré-produção, mais exatamente na hora de escolher a
equipe técnica, mais precisamente nos quesitos
direção e roteiro.
Na cadeira de diretor aparece Ron Howard, ganhador
do Oscar por “Uma Mente Brilhante”, que por si só já
é fraquinho, e voltando no tempo a qualidade só
piora. Não que ele seja um cineasta ruim, mas sim um
comum, que nunca tentou se expor, escolhendo sempre
o caminho mais ordinário, o famoso arroz com feijão,
e para um projeto polêmico como “O Código Da Vinci”
esperava-se algo mais inovador.
Howard deixa o filme chato, arrastado e óbvio, desde
do mais básico ângulo de câmera até o menor
movimento de câmera, tudo é comum de mais, com
direito a aquelas cenas onde você é obrigado a ver
por repetidas vezes algum personagem pensando ou
fazendo cara de que está entendendo tudo enquanto
outro explica alguma coisa. E tudo piora quando o
assunto é a tensão e a ação, o diretor consegue
fazer uma das perseguições de carro mais ridículas
do cinema, além de perder a mão totalmente do filme
do meio para seu fim.
Mas talvez o estrago não fosse tão grande se o
“mestre” Akiva Goldsman não tivesse ficado a frente
do roteiro. Responsável por pérolas de roteiros como
“Batman Forever”, Batman & Robin” e “Perdidos no
Espaço”, ele escreveu o ótimo “Uma Mente Brilhante”,
que some dentro da besteira que é seu currículo. Mas
vamos ao que interessa, “O Código Da Vinci”, e esse,
é mais fácil dizer que figurará lista de roteiros
dele longe do lado “Brilhante” dela.
Antes de qualquer coisa, Goldsman assassina o livro,
é incrível acreditar que Dan Brown chegou a falar
que tinha gostado do roteiro e de suas mudanças
(esse deve gostar muito de dinheiro mesmo), por mais
que seja uma adaptação e que tenha todo aquele papo
de “concessões devem ser feitas para um filme
funcionar”, pois é, ele não funciona, além de
parecer não conseguir captar o tom frenético do
livro, ele teima em ter que parar o mundo para que
os personagens tenham que ter uma discussão ou
fazerem uma descoberta, coisa que não funciona no
cinema e esfria totalmente o filme, além de
descaracterizar totalmente os personagens com frases
feitas e totalmente idiotas.
Mas com certeza quem ele acha que é mais idiota é
quem vai ver o filme. Qualquer tipo de explicação a
respeito dos mistérios da história, além de serem
didaticamente narradas, mostradas em imagens e
rabiscadas numa lousa, ainda são repetidas segundos
depois por outro personagem.
Para quem leu o livro, ainda vai sentir falta da
linha de raciocínio do personagem principal, quase
que totalmente esquecida no filme. Mas tudo bem, são
“concessões”.
Muita gente ainda falou mal do elenco, mas para mim
é besteira, o único problema reside na presença de
Ian McKellen no papel do milionário Sir Leigh
Teabing. O casal principal, vividos por Tom Hanks e
Audrey Tautou, junto com o francês Jean Reno como o
capitão que os persegue, Bezu Feche (ator que
inspirou o próprio Dan Brown na hora de escrever o
livro), e ainda Alfred Molina, como o Bispo
Aringarosa e Paul Battany como o Silas, o tal
albino, até fazem um bom trabalho, até a metade do
filme quando entra em cena o genial Sir Ian McKellen,
e aí você percebe o quanto o resto do elenco é ruim
perto dele.
Se você leu o livro, provavelmente vai sentir o
mesmo que eu, principalmente quando eles decidem
acabar o filme do jeito que ele pretensamente acham
melhor que no livro, mas para quem não leu o
livro... bom, recomendo uma bela dose de café antes
da sessão, não tem jeito o filme é ruim de qualquer
jeito. Pena que o Ian McKellen aparece pouco, talvez
ele aparecendo em todas tomadas do filme pudesse
salvá-lo, coisa que eu não estranharia com Ron
Howard e Akiva Goldsman juntos.
Direção: Ron Howard
Estréia: 19 de Maio de 2006 (EUA e Brasil)
Gênero: Suspense
Distribuidora:
Columbia Pictures
Site Oficial:
Clique Aqui
CLIQUE AQUI E COMPARE O PREÇO DE DVD'S.
Cena do filme
O Código da Vinci (Foto Divulgação)
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Vinicius
Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
Indique esta matéria para um amigo!