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RESENHA CRÍTICA "NÃO POR ACASO"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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NÃO POR ACASO -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - NÃO POR ACASO -  Dois segundos parece um tempo imperceptível. Mas não é. No filme do diretor Philippe Barcisnki, - dos curtas: A Escada (1996) e Palindromo (2001) – “Não Por Acaso”, tais segundos fazem toda a diferença.

Ênio (Leonardo Medeiros) e Pedro (Rodrigo Santoro) são os mais afetados com a não possibilidade de ter controle de tudo. O primeiro controla o tráfego das ruas em câmeras instaladas nas ruas. Um típico funcionário entediado e desmotivado. O segundo é um introspectivo marceneiro que calcula milimetricamente suas jogadas táticas de sinuca. O que os une é a perda de suas mulheres.

São Paulo é pano de fundo e praticamente coadjuvante do filme, já que seus protagonistas poderiam ser confundidos com a impessoalidade e frieza que há nas ruas da cidade, por entre o asfalto, prédios e o trânsito. Não Por Acaso pode ser considerado um filme positivo. Pois é uma história de recomeços.

Após a morte de sua mulher, Ênio “ganha” de presente a proximidade da filha (Rita Batata). Pedro projeta na inquilina - Lúcia (Letícia Sabatella) - do apartamento, uma possibilidade de ser feliz novamente, depois da morte da namorada. Mas não pense que tais personagens exalam empatia, muito pelo contrário, são apáticos, distantes e com dificuldades de se expressar. O que funciona muito bem para o personagem de Medeiros e nem sempre para o de Santoro.

Ambos os atores – como de praxe – cumprem com eficácia seus papéis. Medeiros dá vida a um quarentão sem rumo algum, que vê a vida se transformar com a jovialidade da filha. Aos poucos sua vida, suas roupas e sua casa, adquirem vida e cor. Bela e singela a história de recomeço que une pai e filha, que por si só daria um belo filme.

Santoro é uma espécie de menino crescido que (re) vive a profissão do pai como uma obrigação cármica e sua vida parece só ter agitação graças a Teresa (a cativante Branca Messina) que o acusa - logo nas primeiras cenas – de sua imobilidade perante os desafios diários. A química entre Rodrigo e Bianca funciona mais do que a de Rodrigo e Leticia. Será que alguém acredita realmente que ele se interessaria por ela? Não estaria ele apenas tentando arrumar uma substituta para ocupar o espaço vago? Prefiro a segunda opção, o diretor poderia ter estreitado a relação entre Pedro e a sogra (Cássia Kiss) e proporcionado algo diferente do habitual.

O filme é nostálgico e a câmera de Barcinski decupa a metrópole que não para, com poesia e simplicidade. É honesto, certinho e quadrado – no sentido de não transgredir os limites da cartilha do bom cinema.

E isso se torna um problema, pois por mais que achemos o filme interessante, ele não empolga. O fato de não sermos capazes de controlar tudo e nos colocar a mercê do acaso, sensibiliza  a todos os espectadores, afinal quem não gostaria de ter a noção exata de tudo?

“A gente se esforça tanto para prever uma coisa e quando ela acontece á gente não sabe aonde isso vai dar”. - Ênio

Não por acaso não é imprevisível, mas se diferencia dos caça-niqueis que contamina o cinema nacional, graças a Globo Filmes, se assemelhando a filmes com propostas mais intimistas, lembrando os bons e velhos filmes europeus ou até mesmo os independentes americanos. Vale pela ousadia de ser diferente.

Título Original:
Não por Acaso
Gênero:
Drama
Ano:
Brasil - 2007
Distribuidora:
Fox Film do Brasil
Direção:
Philippe Barcinski

FILME:

Ótimo: 
Bom:   
Regular:

Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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