CRÍTICA - MARIA ANTONIETA - Em 1.999,
Sofia Coppola, entrou para o rol das cineastas
promissoras com a história de cinco irmãs que se
matam. O instigante e belo “As Virgens Suicidas”, se
passava na década de 70 e focava na questão
feminina. Ora mirando sua lente para as garotas, ora
para a mãe, uma ótima Kathleen Turner.
Três anos depois, Sofia, só precisou de um
comediante (Bill Murray – em seu primeiro papel
dramático) e uma cidade caótica – no caso o Japão –
para retratar o mundo vazio e frustrante de uma
jovem entediada (Scarlett Johanson), que vagava num
hotel luxuoso, enquanto o marido fotógrafo
trabalhava; Para ser agraciada com o Oscar de melhor
roteiro por Encontros e Desencontros.
Outros Três anos, foram o período que Sofia teve
para dar corpo a “sua” Maria Antonieta - rainha
francesa do império Austríaco no século XVIII -
embora tenha lido a biografia escrita por Antonia Fraser, logo após filmar seu primeiro longa. Kirsten
Dunst não mudou muito fisicamente, mas em seis anos,
passou da garota lasciva que foi largada pelo
namorado num campo de futebol, e se tornou a garota
obrigada a amadurecer num casamento infeliz e sem
amor. O campo de futebol foi trocado pela cama da
realeza.
São duas horas de filmes, onde vemos uma rainha
deslocada do ambiente em que vive. O “não lugar” é
tema freqüente na filmografia da filha do cineasta
Francis Ford Copolla, e tem em Maria Antonieta os
excessos que – para alguns – driblou em Encontros e
Desencontros: longas cenas onde nada aparentemente
acontecia. Para quem o achou lento, se prepare! Se não
fosse a riqueza dos figurinos e do cenário – o
próprio castelo de Versalhes - provavelmente não
agüentaríamos até o final.
Que fim levou M° Antonieta é uma pergunta sem
resposta. O filme não tem a intenção didática de
contar uma história e muito menos se ater a diálogos
reais. Com um som pop, que inclui The Cure e White
Stripes, Sofia não julga sua personagem e nos
propicia uma viagem pelo universo de reis e rainhas,
assim como fez Stephen Freas no recente A Rainha (The
Queen). As últimas cenas de Antonieta em seu castelo
são singelas, poéticas e sublimes. Prova de que Sofia
sabe lidar com a sutileza, mesmo em momentos
difíceis. Para quem viu As Virgens Suicidas, sabe
bem o que eu digo.
O que o filme vai fazer com você é instigar a sua
imaginação. Saímos do cinema tentados a saber quem
foi a mulher decapitada aos 36 anos de idade, graças
a queda da bastilha, durante a Revolução Francesa.
Uma nota informativa não faria mal a ninguém. Mas
Sofia não quer esclarecer, quer apenas retratar e
provocar, com seu singular olhar para o feminino. E
em M° Antonieta, temas como, casamento frustrado,
monarquia, amores proibidos, obrigações femininas e
aceitações, fazem parte do universo idílico de
Sofia.
Se o filme fosse mais curto, o prazer seria maior.
Tem se a impressão que o filme se arrasta além do
necessário. As cenas em que se retrata a rainha,
famosa por sua fama de “festeira” e por gastar
descontroladamente em mesas de jogos é o momento
mais esperado do filme. Queremos a provocação, o
deboche, o escárnio. Tais características passam
longe do mundo de Sofia, que recusa as facilidades
dos clichês. E tais cenas podem frustrar os mais
afoitos.
Em dado momento sentimos a necessidade de vaiar o
filme, assim como ocorreu no Festival de Cannes.
Tudo por causa da nossa expectativa frustrada e o
(s) condicionamento(s) focado nos costumeiros
clímax.
Adentre o mundo da última rainha da França e saia da
rotina. Sofia Coppolla é daquelas cineastas que
dividem opiniões. Você compartilha do olhar de
Sofia?
Título Original: Marie Antoinette Gênero: Drama Duração: 123 min. Ano: EUA/Japão/França - 2006 Distribuição: Columbia Pictures / Sony
Pictures Entertainment Direção e Roteiro: Sofia Coppola Produção: Sofia Coppola e Ross Katz Site Oficial:
www.marieantoinette-movie.com