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RESENHA CRÍTICA DO FILME "AS LEIS DE FAMÍLIA"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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AS LEIS DE FAMÍLIA  -  (Foto Divulgação)

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CRÍTICA - AS LEIS DE FAMÍLIA -  Perelman “pai” (Arturo Goetz) é um advogado reconhecido e popular. Sua fama se estende por elevadores, arquivos, restaurantes. Tem o hábito de transformar clientes em amigos. Sério e impessoal Bernardo Perelman usa de certos subterfúgio ilícitos para ganhar suas causas. É o tipo de pai que nunca percebeu que o filho é canhoto.

Perelman “filho” (Daniel Hendler) é um metódico professor universitário que divide seu tempo entre as aulas, o emprego de Defensor Público e as aulas de Pilates. Herdou do pai a visão machista e desafetuosa com a qual cresceu. Ariel Perelman também tem o seu jeitinho especial de incrementar suas aulas. É do tipo de pai que paga a escola do filho porque “não quer participar”.

Essa espécie de indiferença genética passada de pai para filho se perpetua com a chegada de Gastón (Eloy Burman). O trio de homens da mesma família sofre modificações a partir do momento que começam simplesmente a conviver um com o outro.

Bernardo solicita o filho - sem que este desconfie o motivo – para passarem um dia juntos. Ariel se vê obrigado a conviver com o ambiente escolar do filho e a lidar com pais babões e participativos – postura que despreza. Gastón – como toda criança – é receptiva aos dois e alheio aos conflitos dos adultos.

É o quinto filme de Daniel Burman, diretor de filmes como O Abraço Partido (2004) e Esperando o Messias (2000), ambos resvalando na questão familiar.

Em que nos transformamos quando nos tornamos pais? E o que fazemos com nossos próprios pais nesse momento? Eis as questões que interessam ao diretor.

Os 102 minutos de filme são vertidos em poesia, sensibilidade e sutilezas. Aos poucos o espectador vai descobrindo as camadas que há no pai e no filho e percebendo a forma que os mesmos se relacionam.

Nada no filme é imposto e em nenhum momento o expectador é subestimado. Um filme maduro, abordando temas caros. O egoísmo do indivíduo está sendo questionado, sem que Burman julgue seus personagens ou os tornem antipáticos. mesmo o velho recurso da narração em off que vai revelando as próximas cenas, soa como algo facilmente assimilável.

As Leis de Famílias (2006) é um belo retrato das convenções familiares e dos atributos - nem sempre generosos e produtivos - que herdamos dos nossos pais.

Com um elenco, cativante, um roteiro enxuto e uma sensibilidade impar, Burman proporciona uma viagem nas relações familiares sem criar densidades obvias e nem apelar para o sentimentalismo.

Sensível e pertinente, As Leis de Famílias, torna mais relevante o cinema argentino e transforma Burman num cineasta indispensável. Confira.

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Cena do filme AS LEIS DE FAMÍLIA - Foto Divulgação

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Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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