RESENHA CRÍTICA DO FILME "CRIME DELICADO"
por
Wilson Gotardello -
gotardello@yahoo.com.br
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CRIME DELICADO
- (Imagem Filmes)
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Direção: Beto Brant
Novo filme de Beto Brant não
decepciona, mas é menos acessível ao grande público
CRÍTICA - CRIME DELICADO:
Ao terminar a sessão de Crime Delicado, novo filme
de Beto Brant (O Invasor, Os Matadores), percebemos
que o cineasta deu uma guinada na maneira de filmar
que lhe era tradicional, mas felizmente não perdeu o
dom de chocar. O diretor superou as tramas policias
dos filmes anteriores e, depois de colocar Malu
Mader de quatro em “O Invasor”, erotiza uma
deficiente visual de maneira jamais vista nas telas
dos cinemas.
Não, o filme não é sobre devotees, mas envolve uma
deficiente em uma história de amor e entrega tão
intensa que não se pode deixar o fetiche à parte de
todo o enredo.
O filme é protagonizado por Marco Rica na pele do
crítico teatral Antônio Martins que tem sua vida
transformada após conhecer uma mulher na mesa de um
boteco. A priori, tudo parece ser muito normal, mas
a mulher não possui uma das pernas e vive como musa
inspiradora e prisioneira de um artista plástico de
prestígio.
Sem saber da deficiência a princípio, e seduzido
pelo universo da deficiente outrora, o crítico se
encanta pela sexy Inês, vivida pela estreante Lílian
Taulib de forma impactante. Os diálogos alternam a
capacitada intelectual de cada um e o crítico logo
se apaixona por Inês. Mas ela vive como inspiração
do artista plástico famoso pela criação de quadros
eróticos, José Torres Campana (Felipe Ehrenberg),
tanto que usa seu ateliê como moradia e seu
sobrenome para sobreviver artisticamente: Inês
Campana.
Toda a obsessão do artista plástico por sua musa
inspiradora deficiente incomoda o critico que
desenvolve com Inês uma relação curta, intensa e
ambígua que a leva acusá-lo de estupro.
A partir de então a estética do filme muda. Passa de
triste escurecido para preto e branco. As cenas de
tribunais são geniais, tanto na interpretação dos
atores quanto na direção firme de Brant. A indecisão
e dúvida de Inês ao acusar o estuprador são tão
sinceras que mesmo presenciando o ato anteriormente
ficamos em dúvida se foi consentido ou não. É tudo
realmente muito delicado.
Merece destaque o ator e roteirista Marco Ricca. Com
25 anos de carreira, ele agora tenta alçar outros
vôos e como confessou Brant em um debate após a
exibição da pré estréia, no dia 6 de fevereiro, no
espaço Unibanco, em São Paulo, o ator foi
responsável por suas falas no filme. Começa com
grande estilo a carreira de roteirista. Os diálogos
conferem a película a densidade necessária do
confuso crítico teatral.
Não podemos ignorar o estigma de “cult” do filme.
Com intervenções teatrais que completam o enredo e
até um mini-monólogo de Felipe Ehrenberg perto do
fim, o filme carrega todas as características não
comerciais. Triste dizer, mas jamais fará sucesso
comercial. É importante que existam cineastas como
Beto Brant, que ousam e colocam as artes plásticas,
o teatro, a literatura e a poesia em convergência
com o cinema. Crime delicado é um filme pra deixar a
pipoca de lado e comer com o cérebro.
É importante ressaltar a escalação dos atores nos
filmes de Beto Brant. Como ele disse no debate após
a exibição, não gosta de fazer testes e sim
entrevistas. Essa deveria ser regra geral de todos
os diretores. Acertou em cheio com Sabotage e Paulo
Micklos em “O Invasor” e agora nos apresenta a
beldade Lílian Taulib. A moça tem talento. Como
disse um espectador presente ao debate, “sobram
pernas” entre aquele sorriso e a cara de psicótica
sexy que sabe fazer. Vamos ver se há espaço para uma
deficiente no mundo cinematográfico.
Diretor: Beto Brant
Gênero: Drama
Duração: 87 min
Distribuidora: Lumiere
Tipo: Longa-metragem
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Cena do Filme
CRIME DELICADO (Foto Divulgação)
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Crítico: Wilson
Gotardello - Jornalista -
gotardello@yahoo.com.br
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