CONTROL - A HISTÓRIA DE IAN CURTIS
- (Foto Divulgação)
CRÍTICA - CONTROL - A HISTÓRIA DE IAN CURTIS
- Não sou o mais indicado para escrever sobre
um filme que retrata uma banda da década de 70, cujo
líder e vocalista morreu em 1980, quando eu tinha 4
anos.
Nunca ouvi Joy Division, não que eu associasse a
música ao nome da banda. Mas, como aprecio
biografias, películas preto e branco e filmes que
dialogam – de certa forma - com o gênero
documentário – afinal, mesmo ficcional uma história
baseada na realidade tem um “quê” de registro “real”
dos fatos – encarei ver “Control”, o filme de Anton
Corbjin, sobre a morte de Ian Curtis.
A história de Curtis me pegou me cheio. Afeito a
personalidades confusas e inquietas que não sabem
lidar bem com seus desejos e de certa forma com as
pretensas posições/forma/normas que o indivíduo deve
tomar na vida. Aproveitei cada minuto das 2 horas de
filme.
Retrato poético de uma juventude da década de 70,
desiludida e sem perspectiva, ganha contornos mais
poéticos e metafóricos com a realidade sem cor e
brilho que ofusca os reais problemas que a
justificam. Belos enquadramentos – fotos em
movimentos - e um roteiro que utiliza o mínimo para
narrar à vida do jovem de 24 anos de Manchester que
influenciou toda uma geração pós sua morte.
Certa economia para explicar o inexplicável – já que
só o próprio poderia dizer o que sentiu/viu e viveu
– é o grande trunfo de “Control”. Não sabemos o que
tanto Ian vê em Annik (a amante belga) – seria sua
independência? – porque se sente tão deslocado e
inquieto, porque a mulher e a rotina não lhe são
suficiente. E porque “do nada” resolve “parar”. Não
creio que tenha sido só a inaptidão para lidar com a
sua imaturidade, em escolher entre a mulher e a
amante. Os fantasmas de Curtis provavelmente eram
mais assustadores e perigosos.
O rapaz rumo ao sucesso, que decide que a fama, a
glória e as possíveis mulheres não lhe serão
suficientes é muito bem defendido pelo ator Sam
Riley.
Epiléptico, infeliz, inquieto, introspectivo,
covarde – como atesta duas amigas fãs da banda – e
um ar entristecido que cabia muito bem nos poetas
românticos, fazem com que “Control – A História de
Ian Curtis”, lhe cause na mesma proporção atração e
tédio.
Entender porque para Curtis, se enforcar era mais
interessante do que enfrentar seus problemas, você
não entenderá. O filme de Corbijn nem se presta a
tentar “mapear” tais motivos. Traça um retrato
singular, simbólico e belo de um desses artistas com
curta passagem terrestre, mas que deixa marcas
significativas em sua cultura local e nas que o
absorvem.
Ficha Técnica
Título Original: Control
Gênero: Drama
Duração: 121 min.
Ano: EUA/Inglaterra 2007
Site Oficial:
www.controlthemovie.com
Distribuidora: The Weinstein Company/Daylight Filmes
Direção: Anton Corbijn
Roteiro: Matt Greenhalgh, baseado em livro de
Deborah Curtis
Trailer do filme CONTROL - A HISTÓRIA DE IAN CURTIS