CRÍTICA - CLUBE DOS CINCO:
Trata de mais um filme
de adolescentes na escola? Sim. É igual aos outros?
Não!
Dirigido por John Hughes o filme conta a história de
John, Andrew, Allison, Claire e Brian, cinco
adolescentes que , por castigo, tem que passar um
sábado inteiro na escola e compor uma redação de mil
palavras sobre “quem eles são”. Mas será que eles
realmente sabem quem são?
O filme começa como todos os filmes de adolescentes
mostrando de forma bastante incisiva os estereótipos
que conhecemos: o aluno rebelde, a patricinha, a
esquisita, o atleta e o CDF. Neste momento você pode
traçar uma linha e separar os protagonistas
(personagens principais), os antagonistas
(personagens que vão na contramão dos antagonistas)
e os coadjuvantes (personagem secundário). John, o
rebelde chega a irritar todos, provocando não só o
professor, mas também os outros alunos. Andrew e
Claire parecem ser os certinhos, os populares e
Allison e Brian os esquisitos.
No decorrer da história os estereótipos são
quebrados. Eles percebem que apesar de serem tão
diferentes, também tem muito em comum. Quando eles
se sentam e começam a falar de problemas com os
pais, as pressões da vida adolescente e os problemas
que os levaram a cumprir o castigo no fatídico
sábado o clube se forma, não há mais antagonistas,
ou coadjuvantes, apenas um protagonista: o clube dos
cinco. O clube parece agregar os cinco, como se
todos os problemas fossem um só, como se todos os
medos e angustias pertencessem a todos ao mesmo
tempo, ali eles compartilham medos, amores, ilusões
e sonhos.
Quebrando alguns estereótipos na escola (Relatos
de um Professor)
O que é um estereótipo? “Estereótipo é a imagem
preconcebida de determinada pessoa, coisa ou
situação. São usados principalmente para definir e
limitar pessoas ou grupo de pessoas...” (Wikipédia)
Dê ênfase a parte em que diz “limitar pessoas”. O
filme o Clube dos Cinco difere dos demais filmes de
adolescentes porque ele constrói e destrói os
estereótipos que estamos acostumados a ver. As
personagens são tão ricas e humanas que fica
impossível você “limitar” elas a apenas idéias
pré-concebidas. Veja alguns exemplos:
O personagem John Bender, o “bandido” da história,
mostra-se o rebelde, aquele tipo aluno que todos os
professores odeiam, mas no filme podemos entender
sua rebeldia quando ele conta sobre sua vida
familiar, a origem de toda a violência (familiar) e
no decorrer da história, ele dá boas demonstrações
de bom caráter.
Um dos mistérios do filme é Brian: o que um CDF
estaria fazendo de castigo num sábado, junto com
John , por exemplo? (spoiler) Todos ficam chocados
por que Brian estava de castigo porque tinha uma
arma dentro de seu armário. Brian havia tirado uma
nota zero em uma das disciplinas e a pressão de ter
notas baixas e as cobranças familiares quase o levam
a cometer suicídio.
Trabalho como educador há mais de dez anos e mesmo
assim acho que a educação é mutante. Um ser mutante
que não para de se transformar e que sempre precisa
ser vista, analisada e testada de formas diferentes
e dinâmicas. Em sala de aula as vezes caímos em
lugar comum e a dificuldade que muitas vezes também
dificultam nossa atividade docente, não nos deixa
enxergar o óbvio. Uma carga horária extensa,
atividades em diversas escolas, podem nos fazer a
massificar nossas tentativas e massificar nossos
alunos. Quantas vezes não olhamos um aluno “este é o
terrível” e “aquele é o estudioso”? Um filme como o
Clube dos Cinco nos leva a reflexão do ser humano, o
alunos, as pessoas... Somos carregados de
preconceitos milenares que podem embotar nossa
percepção, mas devemos lembrar que a educação (como
sugere Paulo Freire) é do homem para o homem. O
homem deve ser educado pela sociedade e para a
sociedade. Então é nosso dever quebrar alguns
preconceitos, paradigmas e estereótipos que mascaram
a real beleza do ser humano e de suas
potencialidades. E não me diga que você não acredita
no ser humano, senão você nem estaria lendo este
artigo de outrem. Estaria eremita em sua caverna de
solidão. O homem é uma criatura de coletividade, de
amor e paixão. Ou será que não? Seria isto um
estereótipo também?
FICHA TÉCNICA
Ficha Técnica
Título Original: Breakfast Club
Gênero: Drama
Duração: 93 min.
Ano: EUA / 1985
Distribuidora: Universal Pictures
Direção e roteiro: John Hughes
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Jonatas Turcato Syrayama -
Crítico de Cinema -
syrayama@yahoo.com.br
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