RESENHA CRÍTICA DO FILME
"BAIXIO DAS BESTAS"
por Rodolfo Lima -
Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
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BAIXIO DAS BESTAS
- (Foto Divulgação)
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CRÍTICA - BAIXIO DAS BESTAS -
Definitivamente o cinema de Cláudio de Assis não é
digestivo. Nunca servirá de um pretexto para um
programa light e pode causar ojeriza, caso você não
consiga “ler” todas as entrelinhas que há por trás
da necessidade de chocar. Assis não manda recado e
não pede desculpas. Baixio das Bestas fica
localizado numa divisa entre, Ceará, Paraíba e
Pernambuco. Arrebatou seis prêmios no último
Festival de Brasília e para não sair da rotina do
diretor (que não levou o prêmio na sua categoria),
causou polêmica.
Auxiliadora (Mariah Teixeira) é uma garota de 16
anos, explorada pelo avô. Que serve o corpo da neta
para ser molestado, num posto de gasolina, para
caminhoneiros e afins. Seu Heitor (Fernando
Teixeira) faz o tipo velho escroto, que só pensa em
explorar a neta e impedi-la de ter uma juventude
normal e sadia. Reclama de tudo e prefere definhar
defendendo seus ideais, á tentar entender o mundo
que o rodeia e modificá-lo. Ironicamente o mesmo
mundo que lhe é alvo de crítica é o mesmo que vai
massacrá-lo.
O filme de Assis nos mostra quais são as verdadeiras
características, dos esquecidos neste país. O espaço
em volta se deteriorando, a falta de recursos
financeiros, de oportunidade, a ignorância, a
ociosidade e os sonhos frustrados, serve de mistura
perfeita para resultar em uma vida abastada de
qualquer possibilidade de vitória. A vida não perdoa
e cobra seus tributos.
As três prostitutas são os melhores exemplos disto.
Ceiça (Marcélia Cartaxo) é do tipo complacente. Não
gosta, mas não luta contra, aceita a vida e o
dia-a-dia, como se não lhe fosse do interesse. Vive
alheia. Bela (Hermila Guedes) se rebela e prova do
gosto da não aceitação. Ao se recusar servir de
diversão para o outro, se torna vitima. Dora (Dira
Paes) é a mais interessada na “profissão”, porém tal
qualidade não lhe traz proveito nenhum. Qual caminho
seguir: aceitar, se rebelar ou aproveitar o momento.
Em Baixio das Bestas, não há respostas, só
perguntas. É a violência do mundo recaindo sobre as
mulheres.
Feridas abertas, questionamentos postos, cenas
provocativas, câmera como voyeur da situação e o
mundo acontecendo a nossa volta. Como se fosse em
outro planeta. Longe dos nossos olhos, portanto
menos importante. A juventude imprudente e
sanguinária a procura de emoção e vertigem, que
estampa os jornais diariamente, tem vez na pele de
Matheus Nachtergaele (Everaldo) e Caio Blat
(Cícero).
Um cinema abandonado (olha a metáfora) serve de
refugio para as estripulias da turma, na qual faz
parte Cícero e Everaldo. Drogas, sexo, rebeldia e
descaso, servem de combustão para que a juventude
retratada no filme se mostre falida e fadada ao
fracasso. As expectativas sendo queimada sem o menor
controle.
Amarelo Manga (2003) – primeiro filme do diretor -
trazia possibilidades de saídas. Por mais que a vida
tratasse de modificar as expectativas, suas
personagens seguiam tentando, como numa necessidade
incontrolável de se achar, de vencer. Em “Baixio...”
Assis radicaliza. A vida atropela, não oferece
opções.
Veja sem a menor expectativa, não espere nada
confortável e se deixe levar pelo peculiar cinema de
um nordeste que não tem a suavidade de um “Cinema,
Aspirinas e Urubus” (2005), de Marcelo Gomes e nem a
poesia de “O Céu de Suely” (2006), de Karim Aïnouz.
Diretores de origem nordestina, que estão fazendo
história no cinema atual. Inclua Cláudio Assis na
lista de cineastas obrigatórios.
Ficha Técnica
Título Original: Baixio das Bestas
Gênero: Drama
Duração: 80 min.
Ano: Brasil - 2007
Estúdio: Parabólica Brasil
Distribuição: Imovision
Direção: Cláudio Assis
Site Oficial:
www.baixiodasbestas.com.br
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Cena do filme
Baixio das Bestas - Foto divulgação.
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Crítico: Rodolfo Lima
- Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail:
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