RESENHA CRÍTICA DO FILME
"A
VIA LÁCTEA"
por Rodolfo Lima -
Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
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A VIA LÁCTEA
- (Foto Divulgação)
CRÍTICA - A VIA LÁCTEA - A Via Láctea é
o segundo filme de Lina Chamie (O 1º foi Tônica
Dominante) e trata basicamente dos problemas
amorosos de um ser urbano. Lina traça paralelos
entre as confusões e incertezas da via amorosa, com
a via pública, engarrafada. A se pensar no trânsito
de São Paulo, a visão da diretora para o amor é bem
pessimista.
Heitor (Marco Ricca) é um escritor seduzido por uma
atriz chamada Júlia (Alice Braga). Não sabemos
direito porque, mas a relação está em crise.
Ciumento, Heitor não aceita a aproximação do colega
de elenco de Júlia, Thiago (Fernando Alves Pinto).
O filme se desenvolve em flash-backs, alternando
presente, passado e possibilidades futuras que nem
sabemos se realmente ocorreram, dado a fragmentação
da narrativa. O que importa para a direção é o
percalço vivido pelo protagonista á caminho da casa
da namorada.
Cheio de referências, o filme soa pretensioso e
acaba se perdendo no meio de tantas (in)
possibilidades. Paulicéia Desvairada e Lira
Paulistana de Mário de Andrade, Cidades Invisíveis,
de Ítalo Calvino e Fragmentos de um Discurso
Amoroso, de Roland Barthes são livros que aparecem
como citações. Tais referências esvaziam o filme de
personalidade, parece um amontoado de falsas
coincidências para que se possa fazer sentido.
Obviamente em se tratando de São Paulo, não podem
faltar os motoboys, os catadores de lixo, a pedinte
do farol, o vendedor ambulante. Vamos ao cinema para
diversão – geralmente – mas Lina Chamie, “agonia”
seu expectador com uma São Paulo caótica em pleno
horário de rush, em avenidas como Rebouças, Paulista
e Dr. Arnaldo.
Marco Ricca repete a faceta de escritor problemático
do filme de Beto Brant, “Crime Delicado”. A
associação é inevitável. Outra referência possível é
ao filme de Rodrigo Garcia “Coisas que você pode
dizer só de olhar para ela”. Onde vemos a personagem
de Holly Hunter, sendo questionada por uma mendiga
que lhe pede um cigarro. No caso de Via Láctea,
Heitor é abordado por um bandido. Em ambos os casos,
os protagonistas são afrontados por cidadãos de
classe inferior com muito mais motivos para “neuras”.
As bacantes do encenador José Celso Martinez Corrêa,
estão presentes para ressaltar: “que é impossível
ser feliz sozinho”. O homem sempre a mercê da
necessidade amorosa, imbuído do caos da metrópole,
eis o protagonista de Lia.
“O que pode uma criatura, senão amar. Amar e desamar
e esquecer”.
Pena que a diretora não nos apresenta nada de novo.
E acaba oferecendo ao seu público um tedioso fim de
relacionamento.
Ficha Técnica:
A VIA LÁCTEA
Dir. Lina Chamie
Ano: 2007 (Brasil)
Prod. Girafa Filmes
ficção, 35mm, cor, 88 min
Cena do filme "A Via Láctea" - Foto Divulgação
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Rodolfo Lima
- Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
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