CRÍTICA - A ÚLTIMA CARTADA:
Se Joe Carnahan tinha
ganhado algum respeito como diretor depois do
cultuado “Narc”, agora com seu mais recente “A
Última Cartada” das duas uma: ou sua carreira vai
para o vinagre e ele vai para o Alaska se esconder
de vergonha, ou, ele vai para o Alaska, do mesmo
jeito, se esconder de vergonha, só que apenas por um
tempo, na volta, torce para que o mesmo cara que fez
“Narc” renasça em um novo projeto, mas de qualquer
jeito, para todo sempre vai conviver com esse borrão
na sua carreira.
Analisando o filme friamente se
tem a impressão que Carnahan tentou fazer algo
inovador, cheio de ação, tiroteios, personagens
interessantes e uma trama até certo ponto
interessante, mas derrapa quando coloca tudo isso
junto, em um roteiro confuso que não prende o
público e até irrita em certos momentos, pouco
original e sem empolgação.
Mesmo com a direção ágil e
estilosa e a ótima fotografia de Mauro Fiore (“Dia
de Treinamento”), o filme peca em se levar a sério
demais, quando se pendesse um pouco mais para o
humor, talvez obtivesse um resultado um pouco menos
embaraçoso. O inglês Guy Ritchie fez isso duas vezes
(“Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “Snatch”)
e acertou na mosca em ambas.
É impossível falar de “A Última
Cartada” e não compará-lo com os filmes de Ritchie,
e isso acaba destruindo um pouco mais o filme de
Carnahan, já que ele está à milhas de distância dos
dois.
No filme, Buddy “Aces” Israel (Jeremy
Piven) é um mágico de Las Vegas que acaba se metendo
com a máfia e cometendo o maior dos erros, tentar
passar na frente de quem não pode. Com medo de
represálias, acaba fazendo um acordo com o FBI de
entregar todo o esquema criminoso em troca do famoso
programa de proteção de testemunhas.
Enquanto Buddy Israel espera
pela chegada do FBI em um hotel em Lake Tahoe, a
máfia acaba pondo sua cabeça a prêmio, um milhão
para quem acabar com ele e trazer seu coração, e
esse é o ponto de partida para o famoso “samba do
matador doido”, onde todo tipo de assassino
contratado acaba dando um jeito de ir atrás do
prêmio, ao mesmo tempo em que a dupla do FBI corre
contra o tempo para chegar antes deles e levar a
testemunha com segurança.
A grande sacada do filme
parecia ser o “zoológico” de psicopatas tentando
chegar à cobertura do hotel, mas no final das
contas, acaba que a maioria deles não tem nada de
tão interessante, o trio nazista-caipira-insandecido
parecendo ter vindo direto de um filme do “Mad Max”,
os Tremors, acabam sendo as figuras mais
interessantes, mas tem pouca ação e um tempo curto
na tela.
E o mesmo se pode dizer de todo
e qualquer outro personagem, tudo muito mal
aproveitado, um verdadeiro desperdício, já que o
elenco está repleto de bons atores, Bem Afleck, como
um dos contratados, Ryan Reynolds, Ray Liotta e Andy
Garcia do lado do FBI, entre muitas outras caras
conhecidas que passam voando na tela.
A única exceção aparece no
centro de toda trama, com Jeremy Piven e seu Buddy
“Aces” Israel. Aparentemente, depois de uma longa
carreira como “aquele cara que fez aquele filme, mas
eu não sei o nome” está sendo descoberto por
Hollywood. Piven cria um personagem totalmente
transtornado que vai se destruindo aos poucos, e
realmente é a única coisa que presta no filme.
Tendo custado 17 milhões de
dólares, “A Última Cartada” já rendeu 54 milhões no
mundo inteiro, se tornando um sucesso comercial, por
um lado, uma informação que deprimi, por outro cria
uma esperança que Joe Carnahan se redima em seu
próximo filme “Pride and Glory” que parece ser mais
a cara de “Narc”, tratando de corrupção policial,
com Collin Farrel e Edward Norton no elenco.
Título Original: Smokin' Aces
Gênero: Suspense
Duração: 109 min.
Ano: EUA/Inglaterra/França - 2007
Distribuição: Universal Pictures / UIP
Direção e roteiro: Joe Carnahan