CRÍTICA -
AS DUAS FACES DA LEI:
Não tem como não criar
expectativas com os nomes Robert De Niro e Al Pacino
no alto do cartaz de “As Duas Faces da Lei”, e é
inversamente proporcional as possibilidade de se
decepcionar com o filme. Não pelo fato de esperar
muito dele, mas sim por perceber o quanto os
talentos desses dois monstros do cinema conseguem
ser desperdiçado nas mãos erradas. Nesse caso, as do
diretor Jon Avnet.
Avnet, que ganhou fama com o supervalorizado
“Tomates Verdes Fritos”, mas que depois disso não
conseguiu realizar nada que nem valorizado fosse,
por mais que o dramalhão “Árvore dos Sonhos”
funcione ao que se prestou e seu “Justiça Vermelha”
prenda bem a atenção, deixa assim a impressão de
que, nenhum desses (muito menos o resto de sua
filmografia) lhe conferisse cacife para saber o que
fazer com De Niro e Pacino nas mãos. Não do jeito
que Michal Mann fez em “Fogo Contra Fogo”.
A grande sacada de Mann em seu filme foi criar um
clima sobre a expectativa do encontro dos dois na
tela, e quando ele se dá, ninguém precisa ficar
escolhendo para onde olhar, o próprio Mann toma as
decisões, na verdade não ele, mas sim o próprio
filme, que parece rumar para aquilo, Avnet
desperdiça isso totalmente. Primeiro, por durante a
maioria do tempo, colocar um interagindo com o outro
de um jeito totalmente quadrado, com os dois no
enquadramento e um tendo que ficar parado, sem tirar
a atenção do outro, esperando sua vez de falar.
Esse fator só não incomoda mais, pois ambos parecem
saber exatamente o que fazer de frente para uma
câmera, coisa que acaba criando uma química, que
fica mais evidente graças a uma certa força de seus
personagens, muito bem desenhados, sejam por eles,
pelo diretor ou pelo roteiro. Eu ficaria com a
primeira opção, já que, nas duas outras isso
acabaria se mostrando como o único acerto deles no
filme.
Avnet passa perto de acertar quando finge não forçar
a trama para um lugar, deixando-a andar sozinha, mas
por pouco tempo, já que, logo acaba se perdendo, e
afunilando demais toda trama para De Niro, acabando
por forçar o espectador a só olhar para ele como
grande vilão do filme, coisa que atrapalha mais
ainda, já que finge entregar essa surpresa nos
momentos iniciais do filme, com isso, deixando óbvio
a presença de um final tipo “Scooby Doo”, onde
alguém vai contar tudo que fez por uma série de “flash-backs”,
com os detalhes que passaram desapercebidos diante
dos olhos dos espectador.
Avnet, junto com o roteiro de Russel Gerwitz, que
tinha acertado com o “Plano Perfeito” (mas que
depois de agora, parece estar se viciando por esse
tipo de final), se embaralham totalmente sem parecer
realmente o que querem do filme. Enquanto o diretor
parece tentar fazer a “maior” malandragem do mundo
jogando todo foco da ação para o personagem de De
Niro, para afastar todas possibilidades por volta
dos outros personagens, acaba só desenvolvendo seu
personagem, deixando mais que óbvio o fim. (CUIDADO
SE NÂO VIU!!) Ou alguém acha que Al Pacino ia fazer
um filme em que seu personagem fica o filme inteiro
em segundo plano e no final ainda não ganha o
estatus de surpresa (PRONTO, se é que alguém
consegui não ler essas duas linhas).
O problema disso, é que ao mesmo tempo, o roteiro
parece teimar em deixar todo espaço do mundo para
que o serial Killer, que resolve fazer o trabalho
que o sistema judiciário não conseguiu realizar,
seja qualquer pessoa menos o personagem de De Niro,
já que ele parece ser o único que aparentemente não
esconde nada, nem seus sentimentos, suas
frustrações, seus momentos de fúria etc., se
tornando um personagem tão transparente que não
teria possibilidade de ser um serial killer
convincente dentro de tudo que a narrativa escolhe
por seguir, (Cuidado!!!) deixando esse lado, para o
seu parceiro de longa data na polícia de Nova Yorke,
vivido por Al Pacino, cerebral, jogador de xadrez,
manipulador, sempre mascando um cliclete e impedindo
seu parceiro de cobrir alguém de porrada. Só
faltando o carimbo de “sociopata de thriller
policial” na testa.
“As Duas Faces da Lei” me lembrou “A Cartada Final”
de 2001, que juntou o próprio De niro, só que desta
vez com Marlon Brando, e Edward Norton , mas que
resultou em uma experiência óbvia e também mal
aproveitada. Mas que se mostrava impossível de não
ser deliciada cada vez que um do trio entrava no
enquadramento e dava seu show, mas que infelizmente
nem isso conseguia salvar o filme em si, como agora.
Ficha Técnica
Título Original: Righteous Kill
Gênero: Drama
Ano: 2008
Distribuidoras: Lions Gate Films/California Filmes
Direção: Jon Avnet
Roteiro: Russell Gerwitz
Trailer do filme "AS DUAS FACES DA LEI" - Foto divulgação