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CRÍTICA DO FILME "AMANTES CONSTANTES" 
por Marcelo Hailer - marcelo.hailer@gmail.com  
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AMANTES CONSTANTES (FILME AMANTES CONSTANTES)
AMANTES CONSTANTES - (Foto Divulgação)

  AMANTES CONSTANTES

CRÍTICA: AMANTES CONSTANTES - “Amantes constantes”, de Philippe Garrel, é uma homenagem à arte de se fazer cinema, e quando digo ‘fazer cinema’, é no sentido mais radical de tal ato, na concepção de imagens e estética tão raras ao cinema atual.
Diga-se já: este longa francês, e põem longa nisso, são quase três horas de duração, é um filme denso e em grande parte introspectivo, esqueça da pipoca e do guaraná, uma película em preto e branco, ousada do início ao fim, pena estar restrita a apenas uma sala de São Paulo.
A trama se desenvolve em maio de 1968 , época de grandes manifestações sociais e políticas na França, especialmente no que tange aos jovens da periferia de Paris. Estudantes de universidades e cursos técnicos saíram às ruas contra atitudes que cerceavam a liberdade. Sindicatos, professores e vários setores sociais franceses aderiram a esta luta contra o governo conservador de De Gaulle.
Há muitos estudiosos que dizem que neste fatídico maio de 68 francês, o socialismo perdeu definitivamente, quem ganhou foi o liberalismo, ideologia política dominante até hoje ao redor do mundo. Verdade ou não, De Gaulle renunciou após um ano, e estes jovens, como e onde ficaram? Por que as manifestações cessaram?
São este jovens, artistas, anarquistas, politizados, todos contra a burguesia, que protagonizam este filme. Antoine vive à custa de uma herança milionária deixada pelo seu falecido pai, após os confrontos civis transforma a sua casa em uma república socialista, ali os jovens filosofam e decidem as suas vidas a base do ópio, do haxixe e da desilusão.
François, um jovem aspirante a poeta, Lilie é escultora de obras em argila, ambos já se conheciam de manifestações populares, mas só vão trocar palavras na casa-república, logo desenvolvem uma árdua paixão, repleta de contradições e ambigüidades, através deste casal é que mergulhamos nas mentes e corpos do grupo, pura simbologia e signos – este filme está repleto de ambos – como ficam estes que, após uma revolução derrotada se encontram no limiar do que fazer agora em diante, qual o rumo que a vida tomará pelas nossas decisões e circunstâncias da vida real.
Tudo em “Amantes constantes” caminha de mãos dadas, a fotografia é impressionante, em um mundo tão colorido e cheio de efeitos especiais, nos deparamos com o preto e o branco, a relação destas cores com os momentos do filme são extraordinárias, uma hora temos a clareza de nossos sonhos e objetivos, em outro momento tudo parece ser escuro e depressivo, obra de mestre! Outro detalhe fundamental do filme é a forma como o diretor trabalha o close nas faces, e juntamente com as cores, sem expressar qualquer fala entramos na tensão, na melancolia, na solidão e no êxtase, durante o filme caminhamos pelos rostos e pelos corpos ali enquadrados. Enfim, uma obra-prima rara de se ver.

Gênero: Drama
Duração: 178 min.
Ano: França - 2005
Distribuidora: Imovision
Produtora(s): Maïa Films, Arte France Cinéma, MEDIA Programme of the European Union, Centre National de la Cinématographie (CNC).

AMANTES CONSTANTES (FILME AMANTES CONSTANTES)
Cena do Filme AMANTES CONSTANTES (Foto Divulgação)

Filme:

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Crítico: Marcelo Hailer - Jornalista - marcelo.hailer@gmail.com    

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