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A LISTA NEGRA   
por Gustavo Barcamor - barcamor@yahoo.com.br 
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EXODUS - (Foto Divulgação)

Falando sobre trilhas sonoras, é muito raro assistirmos a um filme ruim que tenha uma boa música. Isto fica óbvio ao lembrarmos de que a música é criada a partir do filme, e não o contrário. Assim, não é exatamente uma coincidência percebermos que quase todos os grandes filmes da história (novos ou antigos), têm também ótimas trilhas sonoras. Aproveitando então a temática da escrita, gostaria de abordar boas músicas a partir dos criadores das estórias que vieram a inspirá-las.

Um dos fatos mais curiosos do meio roteirístico hollywoodiano ocorreu em 1957. Era noite de entrega do Oscar, e um homem assistia à transmissão com a filha pequena. Chegando o momento do prêmio para melhor roteiro original, o vencedor foi um tal e ausente Robert Rich, pelo roteiro de “The Brave One”. A menina, que assistia pela tv com o pai, gritou contente: “Nós vencemos, pai! Vamos buscar o prêmio amanhã! Vamos?”, ao que ele respondeu: “Infelizmente não podemos, querida...”. Este homem era Dalton Trumbo, um dos escritores mais premiados da história do cinema.

Seu pseudônimo Robert Rich fora usado, na criação de “The Brave One”, como forma de transpor o terrível embargo que ele e outros roteiristas sofreram da indústria cinematográfica quando o governo norte-americano resolveu procurar comunistas dentro do cinema. Após ser colocado numa lista negra, por se recusar a delatar companheiros supostamente comunistas, Dalton Trumbo passou a ser evitado pelos estúdios, e depois de passar meses numa prisão, foi solto para permanecer numa batalha infrutífera para arrumar trabalho.

Assim como outros roteiristas da lista, Trumbo quase chegou ao fundo do poço financeiramente, tendo ainda esposa e filhos para sustentar. Para piorar, muitos dos indivíduos que condenavam a atitude do governo, passaram a vaiar e evitar Trumbo. O motivo era o fato dele ter afirmado que não culpava nem repudiava os companheiros que haviam cedido às pressões e delatado outros artistas. Ele dizia compreender, já que sofrera na pele a terrível tortura social e econômica que todo aquele processo infligia. Tanto que este assunto, delação e tortura, seria recorrente em muitos dos trabalhos de Dalton Trumbo. Como em “Papillon”, em que um prisioneiro é castigado com a fome por se recusar a delatar; ou em “Spartacus”, na cena em que uma multidão de homens levanta-se, cada um dizendo-se ser Spartacus, para também evitar as conseqüências de uma delação forçada.

Ainda assim, aquele Oscar misterioso, ganho por “The Brave One”, tornou-se um símbolo no meio cinematográfico, e trouxe à tona uma profunda reflexão sobre a tal Lista Negra. A partir daquele prêmio, alguns profissionais dos grandes estúdios passaram a desafiar os tratados de embargo propostos pelo governo, e aos poucos Dalton Trumbo e outros roteiristas puderam voltar a trabalhar.

Um dos primeiros filmes escritos por Trumbo após sua volta oficial ao cinema foi “Exodus”. Este filme gerou uma trilha sonora cujo tema principal é ainda hoje aclamado como um dos mais belos já feitos para a Sétima Arte:

- Ernest Gold – “Exodus”:
www.youtube.com/watch?v=jsmZeo1Tc9A&feature=related
 

Crítico: Gustavo Barcamor - Escritor e Músico - barcamor@yahoo.com.br. Blog: www.barcamor.blogspot.com 

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