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RESENHA CRÍTICA DO FILME "A GRANDE VIAGEM"   
por Keila Vieira - Fotojornalista, colaboradora e crítica de cinema - keila.vieira@ig.com.br 
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A GRANDE VIAGEM
A GRANDE VIAGEM  (California Filmes)

 

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A GRANDE VIAGEM

CRÍTICA - A GRANDE VIAGEM: O que prima no filme “A Grande Viagem” (Le Grand Voyage, 2004) é não tratar do islamismo como provocador de preconceitos ou sobre conflitos que envolvem a coexistência das crendices. Apesar de se tratar de um conflito entre um pai crente e um filho que optou por não seguir a religião de sua família. A história está envolvida no contexto dos próprios pilares que constituem as recomendações para ser um bom fiel muçulmano. Também sobre um garoto que vive em um meio cultural que considera sem importância.

Esse é o ponto excepcional do filme, pois não é comum encontrarmos um enredo que trate da liberdade religiosa dentro de uma família de descendência árabe. Apenas temos diversas informações sobre haver uma imposição da tradição ou de um fundamentalismo religioso no núcleo familiar dos seguidores de Alá. Uma condição que não é uma regra. No caso do “A Grande Viagem”, ao pensarmos em um passado familiar, certamente houve um conflito quanto à escolha do filho. Vemos isso nos momentos em que ele esconde a existência da namorada.

O diretor Ismaël Ferroukhi em seu primeiro longa-metragem mostra os meandros de uma peregrinação rumo à Meca. Com a história de um arábe radicado no sul da França há 30 anos, assim constituindo família. Ele obriga o filho caçula a viajar em busca de um território desconhecido, o que resulta em um percurso de carro por mais de 5.000 quilômetros. Isso engloba inúmeros países com suas culturas peculiares, dificuldades de compreensão e crescimento de ambos os personagens. Pai e filho começam a se respeitar, mesmo que a vida de um não seja o ideal que o outro desejou. Tanto que ao longo do caminho, durante uma dificuldade de compreensão na Turquia, um homem os ajuda e de maneira até cômica aproveita a carona para Meca. Porém, Mustapha (Jacky Nercessian) se revela o exemplo de pai que Redá (Nicolas Cazalé) procura. Um homem que lhe acompanhasse para tomar cerveja ou lhe explicasse claramente sobre a constituição de uma Mesquita.

A dificuldade de ser uma viagem de carro já nos envolve no questionamento dos ideais que movem o islamismo. Podemos conhecer pontos que nos são desconhecidos através do personagem do filho. Ele é uma pessoa que também é alheio a esse mundo e ainda possui aversão pelos valores que sustentam a vida de seu pai. Porém, há pequenos momentos em que existe uma trégua entre os dois, – eles brigam o tempo inteiro - como quando Redá pergunta sobre o significado de suas atitudes; sobre o desejo da peregrinação a partir do meio complicado. E as respostas sempre são metáforas ou simplesmente gestos para um mergulho em pensamentos sobre o real significado das coisas que cercam a vida daqueles crentes. Mas, com o devido cuidado para não se desvencilhar do filme.

Título Original: Le Grand Voyage
Gênero: Drama
Duração: 108 min.
Ano: França/Marrocos - 2004
Distribuidora: California Filmes
Direção: Ismaël Ferroukhi
Roteiro: Ismaël Ferroukhi

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A GRANDE VIAGEM (FILME - A GRANDE VIAGEM)
Cena do Filme A GRANDE VIAGEM (Foto Divulgação)

FILME:

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Crítica: Keila Vieira - Fotojornalista, colaboradora e crítica de cinema - e-mail: keila.vieira@ig.com.br - Blogwww.talhoseretalhos.blogspot.com

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