CRÍTICA - 1408:
A primeira vista, lendo
qualquer livro de Stephen king, a impressão que se
tem é de uma obra cinematográfica, facilmente
adaptáveis, ledo engano. Kubrick desconstruiu
totalmente o “Iluminado” para que o filme
funcionasse e Brian de Palma só conseguiu graças a
“Carrie” ser um pouco maior que um conto, e são
nessas pequenas peças que aparecem os acertos.
Frank Darabont e Rob Reiner acertaram na mosca em
“Um Sonho de Liberdade” e “Conta comigo”,
respectivamente, e agora, o sueco Mikael Hafstrom
entra para esse pequeno time com “1408”, conto que
por aqui foi lançado no livro “Tudo é Eventual”, e
mostra a história do cético escritor Mike Enslin
(John Cusack), autor de obras como “10 Mansões Mal
Assombradas” e “10 Farois Mal Assombrados”, que
agora se prepara para finalizar seu “10 Quartos de
Hotel Mal Assombrados”, mas não esperava que o
décimo e último, o de número 1408 do Hotel Dolphin
em Nova Yorke, coloque em prova seu ceticismo.
É verdade que, tanto o diretor, quanto o trio de
roteiristas, Scott Alexander, Matt Greenberg e Larry
Kavaszewski, ao melhor estilo Kubrick, desconstroem
a história original e deixam tudo mais próximo do
público, substituindo o tom Lovecraftiano por um
lado mais psicológico, onde tudo parece acontecer na
cabeça do personagem, além de darem muito mais
enfase em seu passado. Mas no final das contas,
capturam o mesmo espírito, da ausencia de um
fanstasma, da vida propria do quarto, e com isso,
acertam no ponto, fazem um filme de terror sincero,
assustador, tenso, que faz o espectador se sentir
dentro do dito cujo.
O modo como o começo quase anticlimático, te leva a
desacreditar nos tais fantasmas de seus livros,
preparando o terreno para a entrada do quarto é
sensacional, tudo delineado, sem enrolação e
preciso, ao mesmo tempo que o escritor vai se
aproximando mais do inevitável, o público vai
compartilhando desse caminho, descobrindo com ele
sobre o quarto e ao mesmo tempo acreditando que o
misterioso Sr. Olin (Samuel L. Jackson), gerente do
Dolphin, não esta tentando enganar mais um hóspede e
promover seu hotel.
E é só entrar no quarto que o filme se transforma,
Hafstrom cria sempre uma atmosfera que beira a
insanidade, com poucos movimentos de câmera, mas
sempre colocando-a em uma posição desconfortável,
como se dentro do quarto tudo fosse realmente
diferente, sem se apegar a sustos (que acontecem em
grande número), mas sim uma tensão presente no ar, a
uma névoa de terror que aos poucos vai tomando o
filme.
Vale ressaltar a incrível reviravolta do meio do
filme, totalmente criativa e com certeza enganando
grande parte dos espectadores, criando uma nova
vitalidade para a parte final. Hafstrom vai
prolongando esse momento até todos praticamente
acreditarem naquilo que estão vendo, provavelmente
nesse momento escomungando o longa, mas praticamente
são atingidos com um pé no peito quando percebem o
quanto foram enganados, sensacional.
Ainda com uma ótima atuação de John Cusack,
imprimindo um tom despreocupado e pedante, mas que
aos poucos vai sendo tomado pela insanidade, “1408”
é um filme simples, com uma narrativa que não
inventa nada, mas que se mostra um exemplo de como
fazer um filme de terror, assustador e divertido.
Ficha Técnica
Título Original: 1408
Gênero: Terror
Duração: 94 min.
Ano: EUA - 2007
Distribuidoras: Dimension Films/Paramount Pictures/The
Weinstein Company/Imagem Filmes
Direção: Mikael Hafström
Roteiro: Matt Greenberg, Larry Karaszewski e Scott
Alexander
Cena do filme "1408" - Foto divulgação
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Vinicius
Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
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