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Crítica Especial do Filme "OS 12 TRABALHOS"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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OS 12 TRABALHOS  -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - OS 12 TRABALHOS -  Ao término do filme Os 12 Trabalhos de Ricardo Elias, me questionei por que o filme havia sido tão valorizado pela mídia e a crítica em geral. Ganhador de três prêmios: dois como melhor filme, em festivais internacionais (Havana e San Sebastian) e um de melhor ator no Festival do Rio 2006, para Sidney Santiago, prêmio que dividiu com o ator Selton Mello. O filme sobrevive na primeira semana de abril, em quatro sessões, apenas no circuito cult de São Paulo, que abrange o Frei Caneca, o Reserva Cultural e o HSBC Belas Artes. O público alvo do filme que seria os moradores da periferia, dificilmente se deslocará para ver tal filme.

A história é muito simples. Garoto recém saído da FEBEM, recebe ajuda do primo para se colocar no mercado de trabalho. A oportunidade é uma vaga de motoboy. Tal “prêmio”, só será possível se o garoto vencer os dozes trabalhos que terá no dia. Prefiro trocar a palavra trabalho por obstáculos. Claro que se supõe que o jovem Herácles irá passar por uma serie de dificuldades para conseguir seu objetivo.

Não há surpresas. O filme se desenvolve em seus 90 minutos da mesma forma que começou - morno e sem graça. - A trajetória do personagem comum que sonha com uma posição social que o dignifique, tem sua graça quando o protagonista “adivinha” o futuro das pessoas que cruzam seu caminho durante o dia. A sutileza não é suficiente para transformar o personagem numa pessoa carismática. Muito pelo contrário, a composição de Santiago para o personagem o transforma numa pessoa carrancuda e arredia. Poderia ser diferente para quem passou os últimos dias encarcerados?

Herácles é visto como um coitadinho, morador da periferia, com um sub - emprego, sendo explorado pela classe média, com um passado que o condene e além de tudo ser negro. A forma como a história é narrada, costurando cenas de motociclistas, e o dia-a-dia dos motoboys, não acrescenta em nada e o filme é facilmente esquecido.

A referência ao filme Os incompreendidos de François Truffant só fez ressaltar a tendência do filme em enaltecer as pessoas comuns, sem perspectiva e transformá-la numa coitada incompreendida. Só que o questionamento do filme de Truffant vai além do mero “não se achar no mundo”. A falta de singularidades, defeitos e contradições são o que prejudica o impacto do filme perante seus espectadores. Herácles, apesar de tudo é um “certinho” que caiu de gaiato numa enroscada e pagou caro por isso.

O filme foi ovacionado pelo fato do cineasta ter trazido á tona, as condições precárias de tais profissionais. Então se for assim deveriam filmar histórias de lixeiros, coveiros, varredores de ruas, e outros profissionais menosprezados pela burguesia. Não é a toa que o filme se encontre apenas na região “nobre” da cidade.

Prefira De passagem (2003) - o primeiro filme do diretor - onde as injustiças sociais cravam verdadeiras buracos nas pessoas e segregam suas individualidades alicerçadas por medos e preconceitos.

Os 12 trabalhos talvez sirva para você pensar duas vezes antes de xingar um motoqueiro na rua, ou pensar em parar para socorrer caso você atropele um. Nada além disso.

Título Original: Os 12 Trabalhos
Gênero
: Drama
Duração: 90 min.
Ano: Brasil - 2007
Direção e Roteiro: Ricardo Elias

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Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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